Você pode ser seu próprio banco, afirma CEO da Bitfy

Na visão de Lucas Schoch, CEO da Bitfy, os criptoativos estão se popularizando e as pessoas querem comprar e vender com segurança, sem intermediários

Por Redação  /  4 de outubro de 2021
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Cada vez mais, os criptoativos se fortalecem como solução não somente para reserva de valor, mas também como meio de pagamento, em diferentes situações. “Acredito que nos próximos dois anos, as criptomoedas devem crescer como investimento e as stablecoins como meio de pagamento. Além disso, as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) devem se tornar realidade, talvez em um prazo um pouco maior, entre cinco e dez anos”, afirma o CEO e fundador da Bitfy, Lucas Schoch.

Em entrevista ao PanoramaCrypto, Schoch e o CMO da empresa, Tony Marchese, falaram sobre as tendências para o setor, o amadurecimento dos usuários de criptoativos e a importância da transparência do mercado. Acompanhe os principais trechos.

Como vocês enxergam o mercado crypto hoje?

Schoch – Atualmente, já existem soluções para usar criptoativos como meios de pagamento nas mais diversas situações, sem a necessidade de intermediários. Mas, para mim, é muito claro que estamos surfando algumas ondas, com alguns usos que não devem se consolidar, como no caso de alguns jogos, além do boom de corretoras, muitos ICOs. Algumas moedas já sumiram, outras não resolvem problema nenhum, embora existam até hoje. Isso indica que as pessoas estão olhando para cryptos muito como ativo de investimento.

Ao mesmo tempo, a tecnologia evoluiu, foram criados mecanismos pensados em pagamentos, por exemplo. Então, uma stablecoin nada mais é do que uma moeda que está pareada a uma moeda fiduciária, como o dólar ou o real, no caso do BRZ, mas tem como vantagem a blockchain por trás, que garante a segurança, e o fato de não ter fronteiras. Este é o momento das stablecoins crescerem, por causa de taxas mais baratas e menor volatilidade.

Ao mesmo tempo, os bancos também começaram a olhar para essa tecnologia, e daí estão surgindo as CBDCs, que podem se tornar realidade nos próximos cinco a dez anos.

Em sua visão, qual a vantagem das stablecoins em relação às CBDCs?

Schoch – Uma stablecoin resolve vários problemas que a CBDC também poderá resolver; a grande questão é o uso da CBDC. Elas estão sendo criadas para que o governo tenha mais controle e possa ter transparência. Já uma stablecoin permite utilização em toda a cadeia que aceita criptoativos, além de transações mais rápidas e sem fronteiras, sem que ninguém “tome conta do meu dinheiro”, o que não será o caso de uma CBDC.

São casos e usos diferentes. Ambos se baseiam na tecnologia da blockchain e foi isso que atraiu a atenção dos governos, essa perspectiva de maior transparência das transações.

Outro ponto interessante é que, cada vez mais, a tecnologia permitirá a criação de novos produtos em blockchain.

Os NFTs são produtos que têm se destacado, inclusive em novas tendências para games. Foi jogando, inclusive, que você entrou neste setor. Poderia contar sua experiência?

Schoch – Isso foi em 2011, quando eu jogava World of Warcraft, mas não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Para comprar itens do jogo, eu usava bitcoin, sem saber. Por exemplo, para comprar um item de US$ 5, era preciso fazer uma remessa para o Japão, que custava US$ 85.

Então, sem saber, comecei a minerar bitcoin. Programei scripts e deixei a máquina minerando, para poder jogar. Gastei muito bitcoin no jogo.

Porém, esse é um jogo que existe até hoje, ele é interessante, divertido. A tendência dos games play to earn só vai se sustentar se houver esse foco. No momento em que a pessoa está jogando apenas para ganhar dinheiro, como uma obrigação, aquilo deixa de ser diversão.

Marchese – Mas, um ponto interessante é que, já naquela época (2011), havia pessoas enxergando o valor desses itens e fazendo transações de compra e venda. Foi algo que contribuiu para fomentar o crescimento do mercado.

Quando foi que você entendeu que de fato esse era um mercado interessante?

Schoch – Em 2013, decidi entender o que era isso e criei meu próprio pool de mineração, minerei no Paraguai e criei algoritmo de arbitragem. Fiz isso por alguns anos em paralelo ao que fazia profissionalmente. Em 2017, decidi criar um produto, que era um checkout de criptomoedas. A ideia era boa, mas não tinha público. Na época, credenciei mais de mil estabelecimentos, mas em um ano, só aconteceram quatro transações!

Porém, foi com essa experiência que criamos o produto certo. Entre 2017 e 2019, desenvolvemos uma carteira na qual as pessoas têm a sua chave. A Bitfy foi oficialmente criada em 28 de dezembro de 2019, ou seja, o negócio se desenvolveu durante a pandemia.

Não somos uma corretora, mas permitimos compra e venda de criptoativos, de maneira simplificada. Quem quer comprar criptomoeda não quer saber detalhes, profundidade dos livros de oferta de corretora e outros aspectos. O usuário procura simplicidade, transparência e segurança. Além disso, a ideia de a pessoa ser o seu próprio banco, sem intermediários, atrai cada vez mais interessados.

Vale destacar que a Bitfy é uma instituição de pagamento, que tem uma política de compliance e segue todas as regras do Banco Central, como prevenção à lavagem de dinheiro e outros crimes.

Marchese – Hoje, com a carteira Bitfy, o usuário pode fazer mais que transações de criptomoedas. Com o nosso App o usuário consegue utilizar suas moedas digitais para efetuar pagamentos de produtos ou serviços através de códigos de barras e QR Code em mais de 1,5 milhão de estabelecimentos que possuem terminais da Cielo ®️. Além disso, oferece desconto em empresas como iFood, Evino, Outback, e cursos para quem quer aprender sobre criptomoedas.

A Bitfy se desenvolveu durante a pandemia. Na visão de vocês, a digitalização que aconteceu no período foi favorável ao negócio?

Marchese – Sim, sem dúvida. As pessoas ficaram mais propícias a estudar, entender maneiras alternativas de ganhar dinheiro e também de manter os investimentos em segurança, sem riscos decorrentes de políticas inflacionárias. Hoje, temos mais de 100 mil clientes (pessoas físicas) cadastrados no Brasil.


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