Turbulência nos mercados exige diversificação de portfólio

Portfólio bem diversificado consegue obter a melhor relação risco-retorno possível, segundo a tese de um dos maiores gestores de hedge funds do mundo

Por Redação  /  23 de março de 2020
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O investidor que quiser se posicionar de forma a obter o melhor risco-retorno nesse momento de turbulência dos mercados diante do coronavírus deve diversificar, segundo o head de Investimentos da Transfero Swiss, Carlos Russo. Uma boa estratégia é ter um mix entre títulos públicos de curto prazo atrelados à inflação, títulos pós-fixados de liquidez imediata, ações de empresas com baixa relação dívida/lucro e que consigam repassar aumento de preço dos seus produtos para os clientes e bens escassos como ouro, prata e criptomoedas.

Ele lembra que Ray Dalio, um dos maiores gestores de hedge fund do mundo, defende que um portfólio bem diversificado consegue obter a melhor relação risco-retorno possível. Para o investidor comum, “retorno” significa o retorno médio que ele pode esperar para aquela classe de ativos ou um ativo específico nos próximos anos, e “risco” pode ser entendido como a perda máxima que ele estaria disposto a sofrer em um cenário não catastrófico.

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Ao diversificar entre ativos e classes de ativos é possível extrair o retorno esperado desses ativos de forma independente enquanto se cria uma camada protetora derivada do efeito da diversificação – fenômeno estudado pelo Prêmio Nobel de Economia Harry Markowitz. Esta camada protetora contra o risco advinda da diversificação dos investimentos pode ser entendida da seguinte forma simplificada: o investidor que investe em dois investimentos (A e B) não correlacionados se beneficia do fato de que, embora A tenha caído, B pode ter ficado estável ou subido.

Um exemplo prático: o investidor que possuía, no início deste ano, 50% do patrimônio no Ibovespa e 50% em bitcoin, teria visto seu patrimônio em ações se desvalorizar em torno de 40%,enquanto seu patrimônio em bitcoin teria subido em torno de 15%. Na média, seu portfólio teria caído pouco mais de 20%, bem menos que os 40% que teria perdido ao investir apenas na bolsa. Interessante notar que nada disso altera a perspectiva de ambos os investimentos no longo prazo, mas ajuda a suavizar as perdas de curto prazo. Ou seja, um portfólio bem diversificado possui melhor relação risco-retorno e essa é a ideia por trás do Prêmio Nobel de Economia de 1990 (teoria moderna dos portfólios).

Ray Dalio aplica as premissas dessa teoria para um portfólio extremamente diversificado, chamado “All Weather Portfolio”, de modo a ser o mais eficiente possível em termos de risco-retorno no longo prazo.

Em relação a quais ativos colocar nessa carteira diversificada e a proporção de cada um deles, não há resposta simples. Do ponto de vista pessoal, segundo Carlos Russo – deixando claro que não é uma recomendação de investimentos – a divisão hoje deveria ser da seguinte forma:

  1. Títulos públicos de curto prazo atrelados à inflação (15%)
  2. Títulos pós-fixados de liquidez imediata (15%)
  3. Ações de empresas (50%)
  4. Ouro (15%)
  5. Criptomoedas (5%)