Transfero mira na expansão internacional dos negócios

Executivos querem levar os serviços crypto da empresa a outros países da América Latina, onde veem potencial para uso desta tecnologia

Por Redação  /  25 de novembro de 2020
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Após um ano de boas notícias para os negócios — como um aporte milionário da FTX—, a Transfero agora mira sua expansão internacional. E é justamente a injeção de R$ 40 milhões da Alameda/FTX que vai permitir essa expansão para países da América Latina, afirma Thiago César, CEO da Transfero, em entrevista ao CoinTelegraph.

Para o executivo, esses países têm “casos de uso evidente de ativos digitais devido às questões ligadas ao controle de capitais e inflação, principalmente”.

O foco serão as “áreas de pagamento, stablecoins e gestão de ativos”. “A ideia agora é expandir geograficamente as praças onde já atuamos”, disse César, sem contudo, revelar detalhes. “Mas nossos clientes e o mercado verão novos produtos e serviços da Transfero nos próximos anos”.

“É um ganha-ganha que vai aumentar as possibilidade de troca de dinheiro estatal por ativos digitais”, resume.

César avalia que, além disso, essa expansão “proporciona o acesso da FTX a esses países, dada a nossa experiência com o mercado local”. “É um ganha-ganha que vai aumentar as possibilidade de troca de dinheiro estatal por ativos digitais”, resume.


A quem estranha a ideia de crescer em um cenário de crise em função do novo coronavírus, César explica que o crypto se beneficia em um “contexto econômico mais complexo”.

“Em meio a essas incertezas, o fato de os ativos digitais serem tradicionalmente não correlacionados, ou seja, se comportarem de maneira inversa a problemas e instabilidades globais, atrai a atenção dos investidores, como um hedge natural a essas incertezas”, diz o executivo. Ele lista as eleições dos Estados Unidos e uma possível saída do presidente russo, Vladimir Putin, como fatores que geram dúvidas no mercado.

Transfero: 1ª empresa brasileira a se tornar internacional de forma consistente

César lembra, ainda, que a Transfero foi “a primeira empresa brasileira de ativos digitais a se internacionalizar de forma consistente”. Essa decisão de se instalar na Suíça se explica pela regulação — no caso, pela falta dela, no Brasil, conforme explica Carlos Russo, CFO da Transfero.

“O ambiente no Brasil e na América do Sul em geral tem muitas incertezas porque não há uma regulação quanto a potenciais marcos regulatórios restritivos para o mercado de criptoativos”, observa Russo. Ele esclarece que a empresa segue as normativas da Receita Federal para o mercado crypto e mantém boas práticas. Mas ressalva que “existe ainda uma incerteza de como tratar criptoativos contabilmente. Tudo isso só será resolvido quando houver um marco regulatório.”

Portanto, a Suíça surgiu como uma opção. À época, destaca Russo, o país era o principal mercado regulado. Assim, a Transfero pôde “aprender as boas práticas e obter insights” para o negócio, além de contribuir com a regulação brasileira.

brasil crypto
Brasileiro está mais aberto ao crypto

Ao analisar o Brasil, Russo vê “cada vez mais empresas utilizando criptomoedas como um meio de pagamentos. E o brasileiro, cada vez mais, investindo em bitcoin e em moedas alternativas também como parte de um portfólio de investimentos”. E diz que o volume de negócios cresce ano a ano.

O CFO da Transfero também comentou as vantagens do BRZ — a stablecoin da Transfero pareada com o real. Ele apontou “a inclusão de mais pessoas no ecossistema de investimentos crypto” como a principal delas. Porque basta ter um celular para fazer os investimentos. E destacou que o BRZ é uma forma de as pessoas terem posições em real no exterior, o que não era possível antes da stablecoin. Isso porque o real, está no grupo das non deliverable forwards. “Ou seja, que não pode ser negociada nem mantida por nenhum player no exterior”, lembra.

Outro benefício é poder acessar plataformas e ativos que não estão disponíveis no mercado nacional. Entram nesta lista de possibilidades, por exemplo, os empréstimos em protocolos DeFi (finanças descentralizadas).

BRZ é oportunidade para players internacionais

Do ponto de vista do mercado internacional, Russo explica que esses players veem a stablecoin da Transfero como uma oportunidade. Para eles, o BRZ permite “conquistar e fidelizar clientes no mercado brasileiro”.

Além disso, ao comentar a criação da Stablecoin Alliance, da qual o BRZ é um dos idealizadores e fundadores, César listou os objetivos da associação. Eles incluem, por exemplo, o fomento do uso das stablecoins e o estímulo a boas práticas de compliance e segurança.

Sobre empresas de fora do Top 50 do Coinmarketcap, Russo apontou a Serum, dona da moeda de governança SRM. “É um projeto interessante porque replica um ambiente de exchange de forma totalmente descentralizada e, por isso, está imune a qualquer interferência regulatória e governamental. Além disso, ela roda na blockchain da Solana, com custo mais baixo que a Ethereum e capaz de transacionar milhares de operações por segundo e opera com derivativos”.

Já César destacou a Parsiq. “É uma tecnologia de monitoramento de fluxo e tráfego na blockchain, ainda inédita no nível de protocolo. Eles conseguem monitorar qualquer blockchain e perceber grandes movimentações, enviar push notifications, entre outras funcionalidades”. E, entre as empresas do Top 50, ele chamou atenção para o blockchain Algorand. “Principalmente no que se refere à importância para as stablecoins”, explica.


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