Rio Cripto Day: a tokenização é onde cripto se encontra com “vida offline”

Tokens devem ir para além das artes digitais e serão o caminho para tornar cripto mais palpável ao público

Por Redação  /  15 de junho de 2022
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Uma cachaça envelhecida pode virar um token de NFT? E as esmeraldas da família? E o carrinho de brigadeiros na frente da escola? Por trás do hype criado em torno da tokenização de ativos, existe uma discussão importante: os tokens podem ser a conexão com o mundo real para que os criptoativos sejam, de fato, entendidos por todos. No Rio Cripto Day, o tema foi popular com o público e entre os especialistas. 

NFT, a sigla dos Non-Fungible Tokens foi, de fato, a palavra mais buscada no Google em 2021. Durante o evento, que aconteceu no dia 4 de junho no Rio de Janeiro, muitos usavam camisetas de figuras do Bored Ape Yacht Club, uma famosa coleção de NFTs construídas na rede Ethereum. Mas se na plateia o NFT era um sucesso, entre as empresas que participaram do evento, ele é apenas o começo do processo de tokenização.

Uma oportunidade da tokenização está em dividir o valor do bem físico em pequenas partes digitais. “Isso torna mais fácil a negociação e otimiza um processo que já existe. Dá transparência para ele”, explicou o coordenador de marketing da Liqi, Gabriel Ferreirinho, durante sua apresentação no Rio Cripto Day. A Liqi é responsável por tokenizar diversos ativos, até mesmo times de futebol.

Mais tangível que um token fungível

Na opinião de Daniel Carius, COO da Ribus, os tokens de ativos financeiros existentes como notas promissórias são uma porta de entrada do público para o mercado cripto. “É muito mais tangível quando você traz para a realidade do que falar apenas da solução. Falar de NFT ou de cotas de um token não está próximo da realidade do comércio. Mas o dia a dia dos recebíveis e das notas sim”, comentou Carius.

A Ribus atua criando tokens para empreendimentos imobiliários, usando-os como parte da garantia do token. Mercado que é visto como promissor no mundo dos tokens e até do Metaverso, já que é uma maneira de se criar contratos digitais para a detenção de espaços físicos e digitais. A Ribus permite que, por exemplo, pessoas que participaram de obras desses edifícios ganhem uma parte do lucro da venda dos prédios, casas e apartamentos. 

A criação de tokens para pequenos negócios também é vista como potencial de fazer com que a blockchain saia do estágio dos “early adopters”. “O que as pessoas precisam entender é que tokenizar é tornar um ativo divisível mantendo a sua autenticidade”, explicou Carius. Para ele, assim que o mercado “offline” entender isso, o potencial de crescimento é gigantesco.

O executivo usou o exemplo de uma profissional autônoma que vende brigadeiros. Por meio de tokens, ela poderia transformar a sua rede de fiéis consumidores em participantes também do negócio. E, com os recursos das vendas desses tokens, ela levantaria dinheiro para expandir o seu negócio. Ferreirinho aponta que a democratização dos criptoativos acontecerá em paralelo com o aumento de variedades de ativos no mercado, e os tokens são a melhor forma para estimular esse processo.

A resposta para pelo menos uma das perguntas do início a gente já tem. A cachaça pode virar um token de NFT? A Liqi disse não ao pedido. “Tudo pode ser tokenizado, mas não quer dizer que tudo deve ser tokenizado”, disse Ferreirinho.


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