Escassez digital programada, descentralização e regulação do mercado

Em entrevista à TV Senado, o diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, Safiri Felix, falou sobre segurança, descentralização e uso dos criptoativos

Por Redação  /  24 de novembro de 2021
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O mercado de ativos digitais está crescendo e, cada vez mais, chamando a atenção das pessoas. Tanto que a TV Senado resolveu realizar uma live com o diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, Safiri Felix, para esclarecer dúvidas e desfazer alguns mitos que envolvem o tema, relacionados à segurança digital, privacidade, lastro das moedas digitais e regulamentação.

Paralelamente ao evento, a TV Senado realizou uma pesquisa com o público em suas redes sociais e constatou que 65% das pessoas não sabem como funciona um criptoativo. Além disso, no levantamento, apenas 22% dos internautas afirmaram já ter investido em alguma moeda digital. De qualquer maneira, 26% dos que responderam às perguntas dizem confiar no mercado crypto.

Lastro

Uma das principais preocupações das pessoas que assistiram à live foi a questão do lastro dos criptoativos. Para Felix, “o lastro é a confiança que as pessoas têm nas promessas dos Bancos Centrais”. “40% de todo o estoque de dólares foi emitido nos últimos dois anos. A situação do real também não é muito diferente”, afirmou.

Segundo ele, a emissão monetária desenfreada gera inflação e reduz o poder de compra das pessoas. “É justamente o contrário do que ocorre com o bitcoin, cujo modelo se baseia no conceito de escassez programada”, explicou. Ou seja, por ser um ativo escasso, o BTC não perderá valor.

De acordo com Felix, o lastro (em ouro ou commodities) não existe mais no dinheiro fiduciário, que é emitido conforme necessidades específicas de cada país, o que pode trazer um alento momentâneo mas, ao mesmo tempo, também fomenta a inflação.

Diferença entre o real digital e criptoativos

Essa foi outra dúvida elencada pelos internautas. “O real digital será emitido pelo Banco Central, ou seja, estará sujeito a todas as políticas do Conselho Monetário Nacional”, disse o diretor da Transfero.

Felix esclareceu que os criptoativos são moedas descentralizadas, sem essa necessidade de intermediação. “Um sistema não concorre com o outro. Cada usuário pode escolher a melhor maneira de usar seu dinheiro”, disse ele, lembrando que mesmo com a possibilidade de aumento de uso de moedas digitais, o real permanecerá sendo utilizado, uma vez que é a moeda necessária para o pagamento de impostos e taxas.

Questionado sobre pagamentos em critptoativos, ele esclareceu que isso já acontece em inúmeros casos. “Um usuário pode comprar um gift card e abastecer com crypto, fazendo normalmente seus pagamentos em grandes redes de varejo, por exemplo. Ou negociar diretamente em criptoativos. É como se estivesse negociando com uma moeda estrangeira; para formalizar a transação, basta que a outra parte aceite tal moeda”.

Regulamentação

Outro ponto importante do debate foi o esclarecimento sobre a regulamentação dos criptoativos no Brasil. Felix citou a Instrução Normativa 1888, que estabelece regras para declaração à Receita, além de parâmetros para que os intermediadores (empresas como a própria Transfero e outras exchanges) reportem as atividades dos usuários.

Segundo Felix, crimes como lavagem de dinheiro são bastante improváveis. “No meio digital, tudo é rastreável. Lavagem de dinheiro em papel é uma coisa completamente diferente do ambiente digital; se houver qualquer suspeita, a rastreabilidade é eficaz para elucidar a questão”, destacou.

Além disso, o diretor da Transfero citou alguns projetos de lei que estão em discussão, tanto na Câmara quanto no Senado, cujo propósito é definir a prerrogativa da CVM para regulamentação e o que ficará sob a responsabilidade do Banco Central.


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