Recuperação do bitcoin mostra confiança dos investidores

Depois de ficar abaixo de US$ 30 mil o bitcoin voltou a se valorizar e reverteu a tendência de baixa; veja a avaliação dos analistas da Transfero

Por Redação  /  29 de julho de 2021
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Em 28 de julho, a cotação do bitcoin estava em US$ 40,8 mil. No momento em que essa matéria foi escrita, a moeda líder estava em US$ 39,5 mil. Ou seja, depois do período de correção da semana anterior, com preços oscilando na casa dos US$ 30 mil, a tendência de baixa se reverteu. 

“A expectativa era de o ativo passar por um período de estabilidade, em função de fatores como formação de volumes decrescentes; perda da intensidade da correção; baixa volatilidade implícita e momento de acumulação dos grandes investidores”, analisou o Head of Crypto Prime Brokerage da Transfero, Wander Guedes. “Porém, o bitcoin é movido pela volatilidade. Os rumores de que a Amazon passaria a aceitar o BTC como forma de pagamento (já negados pela organização) e a variação de preço nos contratos futuros perpétuos na Binance, fizeram com que um movimento bullish tomasse conta dos últimos dias, fazendo a moeda alcançar novamente a faixa dos US$ 40 mil”, completou.

Em uma análise técnica, o especialista destaca que alguns elementos gráficos também reforçaram esse movimento de alta. “A força compradora não deixou a linha de suporte ser rompida”, explicou.

1. Linha de baixa (ou LTB), que é traçada ligando os topos descendentes de modo que os preços não fazem topos mais altos que os anteriores
2. Linha de suporte, que geralmente é plana, a qual mostra uma força compradora que não permite que seja rompida.

 

  1. Linha de baixa (ou LTB), que é traçada ligando os topos descendentes de modo que os preços não fazem topos mais altos que os anteriores
  2. Linha de suporte, que geralmente é plana, a qual mostra uma força compradora que não permite que seja rompida.

Caso ocorresse rompimento da linha de suporte, segundo Guedes, o reflexo seria uma grande força vendedora que poderia levar o preço para o próximo suporte, na faixa dos US$  20 mil. “Entretanto, o que percebemos foi o rompimento da linha de baixa com grande volume, caracterizando uma reversão e um movimento bullish no curto prazo. Esse rompimento resultou em oito dias consecutivos de alta”, destacou.

Projeção mostra fortalecimento do movimento de alta

O especialista da Transfero também usou uma projeção de Fibonacci para demonstrar que a  primeira resistência, na faixa dos US$ 37,5 foi rompida, fortalecendo o momento bull do BTC.

“O próximo alvo seria a resistência de US$ 42,7, o que implicaria em uma recuperação de 38,2%. Mas, caso o BTC não tenha intensidade para romper essa projeção, ele pode acabar perdendo força e o preço de US$ 37,5 passa a ser o novo suporte”, disse Guedes, ressaltando, ainda, que o índice de fear and greed aumentou consideravelmente em um mês. “Ele saiu de 10 pontos (em 21 de julho) para 50 (em 28 do mesmo mês). Isso mostra que os investidores voltaram a ter mais confiança no bitcoin”, comentou.

Contratos futuros perpétuos na Binance também contribuíram para alta

“O pico de alta volatilidade nesta última semana trouxe vítimas no mercado de derivativos cripto”, ressaltou o analista quantitativo da Transfero, Guilherme Kinzel. De acordo com ele, os sinais – seja em análise de volume ou volatilidade implícita – apontavam que os agentes não esperavam uma mudança de patamar no curto prazo e, assim ,protagonizaram um episódio peculiar, sendo surpreendidos no mais recente pico de volatilidade.

“No dia 25 de julho, no mesmo horário, os dois contratos futuros perpétuos de bitcoin da Binance apresentaram uma diferença de mais de 20%. Enquanto a cotação de um passava dos US$ 48 mil, o outro se manteve próximo aos US$ 40 mil – bem próximo ao preço spot do BTCUSDT negociado na mesma exchange”, contou. Os contratos futuros perpétuos não deveriam ter diferença significativa.

“Na Binance, é possível negociar tanto contratos futuros vanilla (USDⓈ-Futures) quanto também contratos futuros inversos (Coin-M futures). Neste último, a garantia é o próprio ativo que é negociado, no caso, o bitcoin”, explicou Kinzel.

O especialista alerta que, geralmente, é preciso cuidado em tomar posições long com contratos futuros inversos. Porém, neste episódio ocorreu justamente o contrário, ou seja, em um momento de alta súbita, quem estava short teve sua pressão diminuída com o aumento do valor do colateral – fazendo com que mesmo com posições perdedoras, houvesse um alívio no preço de gatilho da liquidação da posição dada a valorização da garantia. “Como resultado, as posições não foram liquidadas nos momentos mais tensos e o preço ficou próximo aos US$ 40 mil”, analisou.

Já quem negociou o contrato perpétuo do BTCUSDT pela USDⓈ-Futures da Binance, o contrato vanilla, onde a garantia é com USDT, não teve a mesma sorte. “As posições foram pressionadas e, pegos de surpresa, foram liquidados. Sucessivos stops de posições foram atingidos, retroalimentando a alta, além do fator alavancagem permitido nos contratos futuros. Como resultado, as posições foram liquidadas nos momentos mais tensos e o preço alcançou o patamar de US$ 48 mil”, explicou Kinzel.

De acordo com o analista, é necessário ter cuidado com contratos futuros inversos, uma vez que eles não possuem estrutura de payoff linear, como a maioria dos futuros mais usuais negociados.

 


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