De acordo com dados recentes do Tesouro brasileiro, apenas 25,2% das pessoas que investem em Tesouro Direto atualmente são mulheres. Na bolsa de valores, a B3, o número é ainda menor: 11,08%. Se a população feminina é maior que a masculina no país, com quase 52%, por que as mulheres ainda estão longe do mercado de investimentos?
Os motivos que levam a essa discrepância não são segredo, embora ainda não sejam muito discutidos. O principal deles talvez seja o fato de as mulheres ainda possuírem menos acesso ao dinheiro que os homens.
Parte disso porque a remuneração do público feminino ainda é inferior. Segundo pesquisa da Catho publicada em março, os salários de mulheres chegam a ser 38% menores ocupando exatamente as mesmas funções que colegas homens. Mulheres com o mesmo nível de escolaridade podem receber até 43,5% a menos – e, em todos os níveis de escolaridade pesquisados, o salário das pessoas do gênero masculino são maiores. Resumidamente: investe mais quem tem maior disponibilidade de recursos.
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Outro ponto é que as mulheres demoraram mais tempo para ingressar no mercado de trabalho, o que as deixa mais distantes de cargos e salários mais altos, e consequente mais longe dos investimentos. Além disso, para muitas famílias as primeiras gerações de mulheres que trabalham estão surgindo agora.
Essas mulheres associam a riqueza à segurança, e por isso têm medo de arriscar seu dinheiro em investimentos que não sejam rentáveis. Por conta disso, acabam estudando muito antes de escolher uma opção rentável e no longo prazo.
Gestoras de investimentos podem atrair mais mulheres
Por outro lado, a ausência de profissionais mulheres em empresas de investimento também pode afastar, já que a maioria dos gestores no mercado são homens. Talvez uma forma de estimular [a participação feminina] seria colocar uma interação mais equilibrada. Mulher oferecendo produto para outra mulher, identificação gera fidelização”, destaca a gestora de investimentos Fayga Czerniakowski Delbem, em entrevista ao InfoMoney.
Ela afirma, no entanto, que há uma perspectiva positiva para o aumento de mulheres investidoras e um mercado mais equilibrado. “Em 10 anos, o número de mulheres na bolsa passou de 16% para mais de 20%”, exemplifica.
“Quando a gente olha número de empresas administradas por mulheres, e percebe que estão gerando mais resultado e mais emprego, isso também contribui”, diz a CFA, relembrando pesquisas que demonstram resultados, inclusive financeiros, para empresas com quadros de liderança mais diversos.