Por que as taxas de juros negativas importam para o investidor?

Países como o Japão e diversos da Europa, estão com taxas de juros negativas há mais de quatro anos, com objetivo de estimular o crescimento da economia

Por Redação  /  27 de março de 2020
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O Banco Central do Brasil cortou recentemente a taxa Selic para 3,75% ao ano. O movimento foi uma resposta às expectativas quanto ao impacto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na economia brasileira. Enquanto a taxa de juros brasileira cai para o menor nível da história, nações no exterior estão praticando taxas de juros negativas. A alta demanda por esses títulos que causam perdas ao investidor em vez de ganhos mostra que o mercado espera há anos uma recessão mundial, que pode ser agora catalisada pela pandemia do Covid-19. Mas qual a relação das taxas de juros negativas com as criptomoedas?

As taxas de juros funcionam como um estímulo para que mais dinheiro circule na economia. Elas têm sido historicamente baixas na década atual desde a crise financeira de 2008, que causou um choque nas economias globais. O Banco Central Europeu cortou os juros para abaixo de zero em 2014, levando outros países a reboque. O Banco do Japão, em 2016.

Inicialmente, os cortes  foram adotadas pelos bancos centrais como um remédio de curto prazo para estimular o crescimento em regiões como a Europa. No entanto, nos últimos anos, elas se tornaram a regra, não exceção.

Os EUA também caminham para essa direção. O presidente Donald Trump já vinha pressionado o FED desde o ano passado a cortar taxas de juros, para estimular a economia norte-americana. Após explodir a crise do novo coronavírus, o banco central norte-americano cortou a taxa para uma faixa de 0% a 0,25%, o que significa dizer trilhões de dólares injetados na economia.

 taxas de juros negativas em alta
Demanda por taxas de juros negativas em alta

Taxas de juros por si só não são ruins. Mas sim o que elas querem dizer sobre as expectativas dos investidores a respeito da economia mundial no futuro. Geralmente, títulos governamentais são os investimentos mais seguros. Mas no fim de 2019, cerca de US$ 16 trilhões em valor do mercado global de dívida tinham rendimentos negativos. Ou seja, investidores estão se tornando tão avessos ao risco – ou buscando proteger patrimônio – que estão dispostos a perder dinheiro para manter o investimento nesses títulos. Em outras palavras, eles preveem uma grande recessão.

Há também a preocupação de que países com taxas negativas tenham menos flexibilidade para responder a uma desaceleração econômica com estímulo monetário. Os bancos centrais geralmente procuram reduzir as taxas para impulsionar o crescimento da economia, já que taxas mais baixas incentivarão os poupadores a gastar. Se as taxas já estiverem baixas e, em alguns casos, negativas, os bancos centrais poderão ter menos ou nenhuma flexibilidade para ajudar a evitar uma recessão.

Segundo o Bank of America, os investidores ainda podem ganhar dinheiro com títulos de rendimento negativo. Isso porque os preços dos títulos aumentam quando os rendimentos caem. Portanto, mesmo que os rendimentos negativos continuem a cair, o preço dos títulos se valorizará e o investidor poderá obter ganho se vender o título antes do vencimento.

Diante desse contexto de taxas de juros negativas e uma iminente recessão, o investidor deve pensar nas criptomoedas como um instrumento para melhorar o risco-retorno dos seus investimentos. Nesse sentido, combinar um portfólio de investimentos com bitcoin e outros ativos escassos como o ouro, a prata e a platina é uma alternativa de proteção de patrimônio. A Transfero, por exemplo, tem um fundo que combina ouro e bitcoin e busca proteção do investidor para momentos de crise.