Por que a pegada de carbono do bitcoin pode não ser tão grande

Um novo estudo acaba de levantar a possibilidade de que que a pegada de carbono do bitcoin pode não ser tão grande quanto era imaginado

Por Redação  /  11 de dezembro de 2019
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Um novo estudo acaba de levantar a possibilidade de que a pegada de carbono do Bitcoin pode não ser tão grande quanto era imaginado. Enquanto o Digiconomist, o projeto de dados por trás do Bitcoin Energy Consumption Index (Índice de Consumo de Energia do bitcoin), estimou que a mineração da criptomoeda gera 37,73 megatoneladas de dióxido de carbono por ano, o novo estudo, por sua vez, faz uma estimativa mais modesta, que seria de 17,29 megatoneladas emitidas em 2018.

Há ainda um outro estudo que fica no meio do caminho. Esse estima as emissões em 22,9 megatoneladas de dióxido de carbono pela mineração de bitcoin. Em termos de proporção, é quase a mesma pegada de uma cidade como o Rio de Janeiro.

A nova descoberta é importante pois mostra um quadro menos preocupante sobre a pegada de carbono do bitcoin, que costuma ser um ponto importante de discussão. A mineração do bitcoin funciona ao resolver equações complicadas. Basicamente, a primeira pessoa com a resolução do problema recebe o bitcoin recém-criado. E essa lógica exige hardware computacional muito potente e que consome muita energia elétrica.

pegada carbono bitcoin
Como o novo estudo vê a pegada de carbono do Bitcoin

Ao contrário de estudos anteriores, o novo trabalho considerou tanto a eficiência do equipamento de mineração quanto a dependência de combustíveis fósseis em vários locais. O estudo foi feito com base no número de tentativas de mineração de um bloco de bitcoin naquela região. O bitcoin é muito minerado na China, por exemplo, um país que gera mais eletricidade a partir do carvão do que qualquer outro país do mundo.

Sendo assim, ao invés de basear os cálculos de emissões na produção total de carbono da China, os pesquisadores consideraram o fato de que o bitcoin minerado na província de Sichuan seria provavelmente “mais verde” devido à “grande utilização de energia obtida via hidrelétrica”. Além disso, a China pode estar reduzindo sua produção de bitcoins.

Não me surpreenderei se outro estudo for publicado daqui alguns meses, com números drasticamente mais altos ou mais baixos

De acordo com a coautora da pesquisa, Susanne Köhler, ninguém sabe a localização exata da mineração. No entanto, ela destaca que eles pretendiam tornar claras as “incertezas de tais estimativas explícitas e fornecer uma gama de resultados possíveis”.

Esses resultados ainda são muito difíceis de cravar, disse Ethan Lou, autor do livro Once a Bitcoin Miner (Um ex-minerador de Bitcoin, em tradução livre), ao Gizmodo. Lou, um dos primeiros investidores de bitcoin e fundador de uma startup de mineração de criptomoedas, comparou o bitcoin à indústria petrolífera. Ele escreveu ainda para o Guardian que “a pegada ambiental do bitcoin vai assombrá-lo”.

“Não me surpreenderei se outro estudo for publicado daqui alguns meses, com números drasticamente mais altos ou mais baixos”, disse ele por e-mail. O motivo, segundo Ethan, é que as informações precisas sobre localização, tipos de máquinas utilizadas e fontes de eletricidade são muito evasivas. “Os métodos estão constantemente sendo refinados”.


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