Para avançar, mercado de crypto tem que ser fácil e regulado

Novas soluções e regulamentos têm o potencial de atrair mais pessoas para o ambiente de criptomoedas e colocá-las no mainstream

Por Redação  /  28 de agosto de 2020
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As criptomoedas precisam ser mais fáceis de adquirir, transferir e armazenar para que haja uma maior adoção pelo mercado de varejo, seja para investimento, seja para o uso no dia a dia. Além disso, o mercado crypto precisa ser regulado, de forma que dê segurança jurídica para empresas e investidores atuarem nesse segmento.

A avaliação é dos especialistas que participaram do painel de debate Digital Assets & Fundos de Investimento Crypto, durante o Fórum Blockmaster, do Digitalks Digital Experience. 

“Vejo que o ambiente de criptomoedas vai passar pelo mesmo aprendizado dos celulares. No início, era difícil para nossos avós usarem. Hoje, todos eles já estão familiarizados com a tecnologia”, afirmou Marcelo Sampaio, da Hash Dex.

Esse aprendizado passa não só por maior informação à respeito desse mercado, como também pelo desenvolvimento de novas soluções para diferentes tipos de usuários. “Muitas pessoas ainda usam as exchanges como custodiantes. Mas vejo que o mercado ainda vai evoluir muito, estamos apenas no início”, pontuou Rudá Pellini da Wise & Trust.

Novas soluções facilitam o uso das criptomoedas

Algumas dessas soluções já estão surgindo em mercados mais maduros, afirmou Daniel Coquieri, da exchange Bitcointrade. “Nos Estados Unidos, onde mercado e regulação estão mais maduros, players tradicionais estão criando este tipo de solução”, contou. 

Os participantes também endossaram a tese de que os criptoativos são excelentes alternativas de diversificação num cenário de juro baixo em todo o planeta. “Hoje estamos vivendo o que chamamos da perda fixa. E a pandemia acelerou isso. Hoje é somente a falta de informação que faz com que a maioria das pessoas ainda não esteja no ambiente de criptomoedas. Mas isso vem caindo”, afirmou Coquieri.

Mercado crypto deve ser regulado

A falta de uma regulamentação abrangente também foi citadas pelos debatedores como um elemento que ainda afasta pessoas e empresas do ambiente crypto. “Hoje, as empresas usam a regulação existente para encaixar ali sua atividade, mas é preciso dar um passo além e ter uma regulamentação pensada para esse mundo”, afirmou Marcelo da Hash Dex.

De fato, o único instrumento que regula as criptomoedas no Brasil são as instruções normativas da Receita Federal. Um projeto de lei parado no Congresso também propõe um regulamento geral, mas ainda não há previsão de ser votado. Embora tenha sido debatido com o mercado, o risco é que quando o projeto de lei for aprovado – e se for – já esteja velho para dar conta dos avanços do setor.

Em palestra na sequência, Isac Costa, da CVM, afirmou ver como importante empresas e Estado sentarem à mesa e negociarem a aplicação das normas existentes – e, se necessário, sua adaptação – ao mercado de criptomoedas.

 “Se tivermos uma segurança jurídica nesse setor no Brasil, temos o potencial de atrair investimentos, sem que seja necessário recorrer a países como a Estônia ou o Chipre. Mas também não podemos ter o fetiche de que as normas mudam a realidade, em muitos casos podemos ver como adaptá-las à realidade existente. Tenho que tratar desiguais desigualmente na medida das suas necessidades”, afirmou.


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