O que não te contam sobre a adoção do Bitcoin em El Salvador

População ainda vê com desconfiança a adoção obrigatória e falta de informação sobre como usar bitcoin é o principal entrave

Por Paulo Carvalho  /  19 de novembro de 2021
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Mais de 3500 pessoas estão acompanhando presencialmente a Labitconf 2021 em El Salvador, e uma revolução crypto acontece ao mesmo tempo em que a agenda de eventos é retomada pelo mercado.

Desde o dia 7 de setembro de 2021, El Salvador declarou o bitcoin como moeda oficial. Ao lado do dólar, os salvadorenhos começaram a utilizar o criptoativo diariamente, movimentando a economia local.

Enquanto a população salvadorenha tenta se acostumar com a novidade, centenas de especialistas e entusiastas estão no país acompanhando a Labitconf 2021, que será encerrada entre esta sexta- feira (19) e sábado (20).

No entanto, parece que a adoção do bitcoin no país ainda enfrentará uma série de desafios, como explica o diretor de produtos e parcerias da Transfero, Safiri Felix. Embora o bitcoin esteja estampado em cartazes pela rua, a população está desconfiada em relação aos benefícios e riscos envolvidos.

Dólar ao invés do bitcoin

Muitos preferem usar o dólar ao invés do bitcoin, pela comodidade apresentada pela moeda americana que faz parte da economia local desde 2001. Com menos de três meses de adoção do bitcoin, ainda existem grandes desafios para uma melhor aceitação pela população.

“A população já sabe que está disponível (o bitcoin), mas o que temos percebido é que a adesão ainda não é muito grande. Sendo um experimento relativamente recente, o cidadão comum ainda não sente tão confortável em aderir ao bitcoin como meio de pagamento. Ainda se observa muita desconfiança.”

“(Existem) críticas sobre como o processo de (adoção) foi implementado. Na avaliação geral dos locais, é que foi um processo muito rápido sem que tivessem educado previamente as pessoas”

Internet instável e falta de informação

O sentimento é de insegurança para a maioria da população, que ainda não sabe operar o bitcoin. Mesmo com o governo criando uma wallet para distribuir gratuitamente US$ 30 em bitcoin, a adoção da moeda digital ainda enfrenta o desafio da desinformação.

“As pessoas se sentem inseguras, porque elas estão desinformadas. Como é que funciona, quais são as limitações e quais são os riscos. Ouvi muitas críticas sobre a ativação da Chivo Wallet, a carteira desenvolvida pelo governo.”

A população salvadorenha continua preferindo o dólar ao bitcoin para suas transações cotidianas, e continuará coexistindo com o criptoativo que chegou ‘ontem’ em El Salvador.

Além de todos esses entraves para a adoção da moeda digital no país, existe um grande problema com a instabilidade da internet em El Salvador. Para manter o bitcoin como moeda de uso diário, esse pode ser mais um “gargalo” para o criptoativo, comenta Safiri Felix.

“No geral, a população não gostou muito da ideia de usar o bitcoin no dia a dia e o dólar segue sendo a moeda de preferência. A percepção geral é que ‘o dólar me atende bem, não vejo vantagem em trocar o dólar pelo bitcoin’. Outro gargalo é a questão da infraestrutura tecnológica do país. A rede de internet é bastante instável, então isso também acaba afetando um pouco na forma como as transações são processadas.”


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