Na Argentina, criptoativos atraem cada vez mais a atenção da população

Pagamento em cripto, integração de ativos digitais a investimentos no maior banco privado do país e discussão sobre regulação aumenta o interesse, na Argentina, por criptoativos

Por Redação  /  6 de maio de 2022
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Nos últimos meses, o interesse da população argentina por criptoativos vem aumentando. Uma das principais razões disso é a alta inflação, em torno de 50%. Os preços, no país, subiram 6,7% em março, alcançando uma média anual de 55,1%, de acordo com matéria publicada pela Exame, e quase metade das pessoas passam fome. O peso, moeda local, não para de se desvalorizar.

Esse cenário traz condições favoráveis para a adoção de criptomoedas, seja para preservar o capital da inflação, seja para contornar as flutuações do câmbio. Na Patagônia, por exemplo, cerca de 40% das lojas já aceitam bitcoin como forma de pagamento. 

A Argentina, inclusive, assumiu a liderança em um ranking de 150 países com empregados pagos com criptoativos, uma vez que existe uma brecha na legislação local, que permite que empresas paguem até 20% dos salários em cripto.

Pagamentos em criptoativos na Argentina saltaram 340% em 12 meses

A informação é da Bloomberg News, que em março deste ano mostrou o interesse crescente dos argentinos por criptoativos nos últimos 12 meses. De acordo com a reportagem, para os trabalhadores remunerados em cripto a vantagem é evidente. 

Como exemplo, se um profissional recebe o equivalente a US$ 1000 pelo sistema bancário tradicional, isso resultará, pelo câmbio, em cerca de 109 mil pesos. Já se receber o mesmo valor em cripto, a taxa de conversão resultará em 200 mil pesos, o que representa uma diferença de 83%.

Inclusive, a pedido dos próprios trabalhadores, algumas empresas vêm infringindo a regra de pagar somente até 20% em cripto, justamente porque as pessoas querem preservar seu poder de compra. 

Argentina quer regular o uso de criptoativos

No entanto, essa questão vem preocupando o Banco Central do país, que já fez alertas à população sobre os riscos associados aos criptoativos. Em março, o Senado argentino fez um acordo com o FMI, incluindo uma cláusula que desencoraja o uso de criptomoedas na Argentina.

Intitulada “Fortalecimento da resiliência financeira”, a cláusula estabelece que “para proteger ainda mais a estabilidade financeira, estamos adotando medidas para desestimular o uso de criptomoedas, com o objetivo de evitar lavagem de dinheiro, informalidade e falta de mediação”.

Pouco mais de um mês depois, em abril, a Receita Federal da Argentina sugeriu que é preciso aumentar a fiscalização de criptoativos em escala mundial. A presidente do órgão, Mercedes Marcó del Pont, disse que a OCDE deveria incluir moedas digitais em seus relatórios financeiros. Segundo ela, a regulamentação global pode evitar que os criptoativos se tornem instrumentos facilitadores de evasão ou fraudes. 

Em meio aos debates sobre o aumento do uso de criptoativos pela população argentina, o maior banco privado do país, Galicia, confirmou que aceitará a compra e venda de moedas digitais como bitcoin (BTC), ether (ETH), USDC e XRP em sua plataforma.

Mineração de criptoativos na Argentina

Com o crescente interesse dos argentinos por criptoativos, o país está atraindo organizações interessadas em mineração, como a britânica FMI Minecraft Management, que anunciou que investirá US$ 45 milhões em um pólo de mineração local, na região de Zapala, onde existem incentivos fiscais. 

A instalação terá 30 mil equipamentos de mineração, que devem minerar entre 30 e 50 bitcoins por dia. A energia utilizada para a atividade virá do gás natural da região dos Campos de Vaca Muerta, o que reduz as emissões de carbono do país e também custos de eletricidade.


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