Moedas digitais dos bancos centrais: porta de entrada para o bitcoin

Bancos centrais de praticamente todas as nações desenvolvidas estão estudando o lançamento de moedas digitas, veja as consequências, segundo estudo da Grayscale

Por Redação  /  30 de maio de 2020
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Praticamente todos os bancos centrais de nações desenvolvidas estão analisando ativamente a adoção de moedas digitais soberanas, as chamadas CBDC (moedas digitais dos bancos centrais). Se as iniciativas forem bem sucedidas, elas podem servir de como porta de entrada para uma maior adoção do bitcoin, ao ressaltarem as diferenças entre os ativos digitais descentralizados e moedas digitais sob controle de um governo central, afirma relatório da Grayscale Investments,

As moedas digitais dos bancos centrais começaram a ser analisadas a partir da consolidação das stablecoins, ativos digitais privados que guardam paridade com alguma moeda nacional, como é o caso do BRZ, maior criptomoeda pareada ao real. As stablecoins experimentaram um forte crescimento ao longo dos últimos anos, a ponto de o Facebook anunciar a sua própria moeda e chamar a atenção dos bancos centrais.

O caso mais emblemático é o da China, que anunciou o início dos testes com uma moeda digital soberana. Mas os Estados Unidos também não estão fora dessa. Em janeiro de 2020, o ex-presidente do órgão de controle financeiro dos EUA CFTC, Christopher Giancarlo, lançou o projeto Digital Dollar. A moeda digital poderia ser distribuída diretamente para as pessoas, usadas em transações internacionais e liquidação de valores mobiliários, por exemplo.

Moedas digitais dos bancos centrais são o oposto do bitcoin

De fato, as CBDCs podem trazer algumas vantagens, como controles automatizados de Know Your Client (KYC) e Anti-Lavagem de Dinheiro (AML) de forma centralizada. Mas também podem representar uma ameaça para os bancos comerciais, já que todas as transações poderiam ser feitas fora do sistema bancário, aponta o estudo. Esse cenário alteraria as taxas de depósito para empréstimo, reduziria o financiamento contínuo para bancos comerciais e acabaria com a lucratividade dos credores tradicionais.

Os CBDCs também trariam problemas de privacidade e controle pelo governo das transações financeiras dos seus cidadãos. Governos poderiam confiscar ou congelar fundos automaticamente e de forma arbitrária. Por exemplo, se a China lançar sua moeda, o nível de vigilância sobre cidadãos vai aumentar significativamente. É nesse sentido que as moedas digitais centralizadas seriam totalmente opostas ao bitcoin, que teoricamente não pode sofrer interferência governamental e controle.

Sendo assim, conclui o relatório, as moedas digitais dos bancos centrais podem acentuar o papel do bitcoin na economia global. E fortalecer o caso de moedas digitais não soberanas, forçando instituições a considerar adotar infraestrutura de moeda digital, além de educar usuários em ter ativos digitais ao portador. O bitcoin, ressalta o estudo, é único não apenas porque é digital, mas porque é escasso e disponível para qualquer um usar.


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