Mitos e verdades: afinal, o bitcoin consome mesmo muita energia?

A mineração do bitcoin, de fato, consome energia; porém isso está se transformando em um grande estímulo para o desenvolvimento de fontes energéticas sustentáveis

Por Redação  /  4 de junho de 2021
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A queda de valor do bitcoin, em maio, começou depois que o CEO da Tesla, Elon Musk, disse que deixaria de aceitar o pagamento dos veículos elétricos com a criptomoeda. O argumento, na ocasião, foi de que o bitcoin consome muita energia na checagem de transações, processo chamado de mineração. Segundo o empresário, isso teria incomodado os acionistas da empresa, que têm como lema a energia limpa.

No entanto, até que ponto a mineração representa, de fato, um alto consumo energético? Para o diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, Safiri Felix, é preciso colocar esse consumo sob uma perspectiva correta. “O bitcoin não consome muita energia, principalmente se comparado ao sistema financeiro como um todo. Todas as grandes indústrias consomem energia; na prática, o que o bitcoin está fazendo é estimulando o desenvolvimento de fontes de energia mais eficientes e mais sustentáveis”, disse

De acordo com ele, é preciso entender os benefícios que essa tecnologia pode trazer para a sociedade. “É um trade muito eficiente de troca de energia elétrica por um ativo digital escasso e com alta liquidez”, apontou. E, cada vez mais, a tendência é de que a mineração seja feita com energia renovável.

Mesmo assim, ainda existem vários mitos em torno do suposto consumo excessivo de energia da criptomoeda. Confira a seguir algumas verdades e mentiras sobre esse tema.

Mito: o bitcoin desperdiça energia

Enquanto o dinheiro tradicional é emitido por instituições bancárias (que demandam não apenas energia, mas também outras despesas), o bitcoin é emitido por algoritmos, cujas regras fazem parte do seu protocolo. No processo de mineração, os mineradores gastam energia real com computação, o que leva a um custo financeiro.

Assim, de fato existe consumo de energia. Porém, isso que não pode ser considerado um desperdício, mas sim um investimento para que a tecnologia funcione com segurança.

Mito: a energia gasta pela mineração é desconhecida

Desde 2015, a Universidade de Cambridge mantém um sistema que estima o consumo de energia do bitcoin em tempo real. O mecanismo destaca que, em alguns países, e na China em particular, as operações de mineração tendem a se concentrar em locais donde há produção de energias renováveis.

Verdade: consumo de energia não significa aumento de emissões

A energia consumida pelo sistema não é proporcional às emissões de carbono na atmosfera. Por meio de dados de geolocalização, é possível saber onde se localizam os mineradores. Boa parte deles está em regiões próximas a fontes de energia limpa. Até mesmo parte da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu é usada para mineração. E não há dúvidas de que a energia hidrelétrica tem menor impacto do que a derivada de fontes fósseis.

Verdade: mercado crypto tem compromisso com o clima

Inspirado no Acordo do Clima de Paris, o Crypto Climate Accord tem como  meta reduzir a pegada de carbono do bitcoin. O objetivo é alcançar emissões zero até 2030. Além disso, mineradores criaram um conselho (Bitcoin Mining Council) para discutir o uso de energia limpa.

Verdade: Ethereum vai reduzir consumo de energia

O Ethereum vai introduzir novas maneiras de produzir tokens, que devem reduzir o consumo de energia.

Atualmente, o gasto ainda é elevado, mas a próxima atualização deve alterar o sistema PoW (Proof-of-Work, ou prova de trabalho) para PoS (Proof-of-Stake, ou prova de participação), o que levará ao corte de mais de 90% do consumo. A prova de participação consome apenas uma fração da energia do PoW, prometendo as mesmas vantagens de segurança e estabilidade.


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