Mercado tradicional busca investidor institucional para criptomoedas

Players tradicionais do segmento financeiro já desenvolveram ou estão desenvolvendo negócios relacionados à blockchain, sempre buscando investidor institucional

Por Redação  /  14 de abril de 2020
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Players tradicionais do mercado financeiro já desenvolveram ou estão desenvolvendo negócios relacionados à blockchain. Os produtos que estão sendo oferecidos por essas empresas são diversos. Vão desde fundos de investimentos baseados em criptomoedas a  plataformas de compra e venda desses ativos. O objetivo é atrair o investidor institucional para o segmento de criptomoedas. Instituições em geral buscam maior governança e precisam de empresas reguladas para investir em crypto e é nisso que essas empresas estão mirando.

Uma das empresas em busca do investidor institucional para a área de criptomoedas é a Fidelity Digital Assets. A empresa é o braço de ativos digitais da Fidelity Investments. Tradicional gestora de fundos investimento, fundos de pensão e prestadora de outros serviços financeiros com origem nos Estados Unidos, tem mais US$ 7 trilhões sob sua gestão. A empresa oferece serviços de custódia e de trade crypto, com foco no mercado institucional.

Outro player tradicional do mercado financeiro, a Intercontinental Exchange (ICE), também decidiu apostar na área de criptomoedas. A dona Bolsa de Valores de Nova Iorque (Nymex) criou a Bakkt, braço de liquidação e custódia de criptomoedas. A empresa oferece uma plataforma de compra e venda de contratos futuros de bitcoin, voltados para investidores institucionais, de forma totalmente regulada. O diferencial da atuação da Bakkt em relação a futuros que já existiam, como a Bitmex, é a possibilidade da entrega física do ativo. Desde março, cerca de 300 BTC, ou US$ 2 milhões, foram entregues fisicamente.

De forma semelhante, a CME criou uma plataforma de compra e venda de futuros de bitcoin. A plataforma oferece a investidores institucionais a possibilidade de fazer hedge com suas posições em bitcoin por meio de compra de futuros ou opções sobre futuros. O volume diário de negociação de futuros de bitcoin na CME chegou a US$ 1,1 bilhão em 18 de fevereiro.

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Bancos buscam investidor institucional em crypto

Bancos tradicionais também estão de olho nas possibilidades da blockchain. O J.P. Morgan foi o primeiro banco dos EUA a criar e testar com sucesso um token pareado ao dólar para processar pagamentos internacionais entre seus clientes, permitindo a transferência instantânea de recursos entre clientes institucionais. Além disso, a moeda digital será usada para transações de títulos. Outro uso previsto é em serviços de tesouraria prestados pelo banco a grandes empresas que têm subsidiárias em diferentes locais do mundo. O JP Morgan movimenta diariamente US$ 6 trilhões em todo o mundo.

No Brasil, o Banco Plural se firmou como o maior parceiro de empresas na área de criptomoedas, principalmente exchanges, e segue se expandindo nesse mercado. A instituição foi criada em 2009 pelos ex-sócios do Pactual, como uma asset management e em 2013 , passou a operar como banco comercial, adquirindo diversas outras empresas. Em 2017, vendo o crescimento da área de criptomoedas, o banco passou a atuar na assessoria a ICOs e comprou participação minoritária numa exchange crypto chamada Flow.

Além dos bancos, bolsas de valores também estão de olho nesse segmento. A Bolsa de Valores da Suíça (SIX Swiss Exchange) havia anunciado em julho de 2018 o lançamento de uma plataforma de compra e venda de criptomoedas totalmente regulamentada, chamada de SIX Digital Exchange (SDX), prevista para meados do ano passado. A SIX lançou uma versão inicial da bolsa digital e da central de valores mobiliários (CSD) e adiou o lançamento completo para o quarto trimestre de 2020, devido a questões legais e regulamentares. A bolsa ainda está em negociações com bancos parceiros, cujos serviços oferecerá na plataforma. A SIX deverá ter um token proprietário e uma stablecoin.

Fundo quer utilizar blockchain da Stellar

Outra instituição tradicional também anunciou negócios relacionados à blockchain. O Franklin Templeton, fundo de investimento global com US$ 700 bilhões sob gestão, protocolou no ano passado na SEC prospecto preliminar para fazer uma oferta pública por meio da blockchain da Stellar. Embora a empresa não vá lançar uma criptomoeda, os dados das transações do fundo serão armazenados em uma blockchain, com o objetivo de fornecer transparência aos acionistas e também permitir tempos de liquidação reduzidos.