Economista prevê que BC tenha que emitir moeda temporariamente

Aloísio Araújo vê possibilidade de o BC emitir moeda, caso tenha dificuldade de vender títulos públicos a juros baixos; tese da Transfero analisa esse cenário

Por Redação  /  17 de junho de 2020
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O Banco Central (BC) poderá ter de emitir moeda temporariamente para perseguir as metas de inflação. A opinião é do economista e matemático Aloisio Araújo, estudioso das relações entre as políticas monetária e fiscal. “O principal objetivo tem que ser a perseguição da meta de inflação; o tripé básico tem funcionado na economia brasileira, com teto de gastos, juntamente com o câmbio flutuante”, disse em entrevista ao Valor Econômico.

No entanto, ele só vê esse quadro de o BC ter que emitir moeda se o país tiver dificuldades em vender títulos públicos. Num cenário de aversão ao risco, investidores podem não se interessarem pela taxa de juros baixa no país. Isso pode representar uma saída maciça de capital e desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar.

O economista considera que os cortes de juros do BC estão no caminho correto. Para ele, a alta do dólar é um efeito necessário dentro do tripé macroeconômico. A decisão do BC foi criticada pelo mercado porque elevou a inclinação da curve de juros e desvalorizou a moeda.

Segundo ele, a inclinação da curva de juros pode aumentar ou diminuir devido a outros fatores, como o risco político. Ele cita como exemplo outros países que reduziram os juros e tiveram desvalorização cambial menores do que a do Brasil.

Araújo ressalta que é um crítico da Teoria Monetária Moderna, que prevê a emissão de dinheiro para reativar a economia. Para ele, não há nenhuma base nessa teoria e o que o BC teria que fazer seria uma solução temporária.

Tese da Transfero vê dificuldades na venda de títulos públicos

As medidas que estão sendo tomadas pelos bancos centrais no mundo todo mostram que o ferramental para combater a crise está se esgotando, já que é o mesmo desde a crise imobiliária de 2008. De lá para cá, o mundo viveu uma década de taxas de juros baixas e ativos inflados pela compra de papéis por bancos centrais. No Brasil, a redução dos juros pode levar a dificuldades para financiar a dívida. É esse cenário que leva à tese de investimentos da Transfero de que os ativos digitais têm alto potencial de valorização no médio e longo prazos.


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