Diversificação é essencial para enfrentar momento de crise

Estratégia sempre aconselhada para investimentos é agora mais importante, diante do quadro de perda de confiança no sistema financeiro

Por Redação  /  30 de abril de 2020
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Os investidores que querem proteger seu patrimônio e buscar um retorno de longo prazo nesse momento de crise devem diversificar seu portfólio. A estratégia de diversificação, que sempre foi um mantra de alguns grandes gestores de investimentos, é mais do que nunca necessária, diante do quadro de incertezas em relação aos ativos e ao próprio dólar como reserva de valor mundial. Esse foi um dos consensos do webinar realizado nesta quarta-feira (29/04) pela CMT Advogados, que teve a participação de executivos da Transfero Swiss e da corretora Activtrades.

A diversificação de investimentos pode ser tanto geográfica quanto em relação à classe de ativos – e dentro de uma mesma classe também é importante diversificar. “Entendemos que o investidor deve diversificar para vários mercados. Deve ter não só exposição setorial quanto geográfica. E em relação à classe de ativos, podem ser tanto instrumentos do mercado tradicional, quanto criptoativos também”, afirmou o senior business development manager da corretora Activtrades, Mario Martins.


Num cenário de taxas de juros mais baixas no mundo todo, o investidor precisa finalmente sair da sua zona de conforto e buscar mais risco, visando maiores retornos. “O importante é conhecer o ativo e saber como gerir o risco. Algumas coisas não vão voltar mais ao normal de antes e isso se aplica aos investimentos. Os ativos digitais foram criados para corrigir falhas de mercado e os vejo nesse processo de diversificação do portfólio”, pontuou o diretor da corretora, Rodrigo de Lima.

Bitcoin foi criado como mecanismo anti-crise

É importante lembrar que o bitcoin foi criado como um mecanismo anti-crise, após a o evento do sub-prime em 2008. Naquela ocasião, ao resgatar alguns agentes financeiros para manter a ordem no sistema, o governo dos EUA criou e exportou inflação por meio da injeção de dinheiro na economia. Esses recursos inflaram de forma artificial o preço dos ativos, situação que perdura até hoje. Isso coloca em questão a solidez do sistema financeiro internacional. “O fato de os EUA estarem com 16 milhões de desempregados e o índice S&P 500 estar voltando para o período pré-crise exemplifica essa falta de solidez”, pontua o CEO da Transfero Swiss, Thiago César.

Outra ameaça que paira no ar e que sugere a necessidade de diversificação é o status do dólar na economia mundial. Tido como reserva de valor global, a moeda corre o risco de perder esse posto diante da injeção desordenada de dinheiro na economia pelo Banco Central dos EUA. Isso porque todos os países têm reservas em dólares para honrar seus fluxos comerciais internacionais. Além de a dívida de muitas empresas estar denominada em dólar, desvalorizando o recebível dos credores.

bitcoin
“Se você, em sua avaliação pessoal, acredita que há um problema sistêmico no mundo, é hora de avaliar se posicionar em ativos digitais. Eles foram criados de forma que não possam sofrer intervenção de nenhum governo e têm o limite de emissões de novas moedas conhecido desde a sua criação”, pondera o executivo.

O Brasil deve ser ainda mais impactado nesse processo. As medidas para combater o impacto da Covid-19 na economia vão certamente gerar pressão inflacionária no real. E, num cenário de juros baixos, a tendência é que o capital estrangeiros se afaste do país aguardando um momento de juros mais altos para “emprestar” dinheiro ao governo. Assim, o investidor brasileiro terá uma dupla tarefa, se proteger contra a crise sistêmica e contra a desvalorização do real.

halving do bitcoin
Halving do bitcoin é mais um argumento para diversificação

Além disso, o bitcoin está prestes a passar pelo processo conhecido como halving, no qual a oferta de novas moedas vai cair pela metade. Os halvings anteriores registraram pequenas variações de preço antes do evento e uma elevação de patamar de 12 a 18 meses depois do corte. Embora não seja possível afirmar que o mesmo vai ocorrer neste evento, o mercado está otimista com o pós-halving. “Quando você reduz a oferta marginal de novos bitcoins e a demanda permanece a mesma, você tem uma forte perspectiva de valorização”, afirmou o head de Business Development LATAM da Transfero Swiss, Julian Lanzadera. Essa é inclusive a tese especial que a Transfero lançou no mercado.

E quem não conhece o mercado de criptoativos, o que deve considerar antes de alocar parte de seus investimentos nele? Primeiro, é preciso entender que os criptoativos são ativos de risco. E no curto prazo podem ter variações de preço de mais de 30%. Em segundo lugar, estudar bem o projeto que vai investir e decidir qual vai ser sua alocação de capital. “Não damos conselho de investimento, mas a prática que vemos no mercado é alocar uma fatia de 3% a 5% nesses ativos”, mostra Lanzadera.