DeFi pode transformar o mercado financeiro

As finanças descentralizadas (DeFi) são uma oportunidade para uma revolução, proporcionando ampla transformação no acesso a serviços financeiros

Por Redação  /  16 de novembro de 2021
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O conceito central em torno de DeFi (abreviação de Decentralized Finance) é a construção de instrumentos financeiros descentralizados, independentes de governos ou de instituições financeiras tradicionais. De forma resumida, a ideia é oferecer serviços sem a necessidade de intermediários, tendo aplicações baseadas em blockchain como instrumento.

As soluções nessa área são cada vez mais disruptivas e a cada dias esses serviços têm ganho mais tração. “Os casos de uso estão mais maduros e até o mercado institucional já começa a olhar para isso com seriedade”, disse o diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, Safiri Felix, durante o evento “Economia Distribuída”, promovido pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), realizado entre os dias 10 e 11 de novembro. Segundo ele, as finanças descentralizadas são uma nova forma de pensar e reprogramar o sistema financeiro. “Por exemplo, hoje o volume diário global de transações de protocolos como o Uniswap é muito maior que o volume negociado da B3”, disse, mencionando que isso é um sinal claro de que o mercado é cada vez mais relevante.

“Muitos usuários começaram a usar a internet tendo o Windows como sistema operacional. No entanto, atualmente a maior parte das pessoas já tem smartphones com sistema Android, que nada mais é do que uma versão do Linux, um sistema operacional de código aberto. É essa a analogia que ajuda a explicar os novos arranjos e formas de uso do ‘dinheiro programável’”, comparou Felix.

Peças de Lego produzindo dinheiro

De acordo com a co-fundadora e CEO da Pods, Rafaella Baraldo, o DeFi funciona como peças de Lego, que podem ser “montadas de diversas maneiras”.

“Hoje, temos as stablecoins, o mercado de derivativos, exchanges, que podem ser montadas de diversas formas, construindo produtos novos e que não são possíveis no mercado tradicional”, afirmou. “DeFi se baseia em dinheiro programável, que pode ser usado de várias maneiras, para criar novos produtos”, completou.

Para a head da cLabs no Brasil, Camila Rioja Arantes, a revolução do DeFi vai além do aspecto financeiro. “Estamos falando de uma transformação nas relações entre as pessoas e sua forma de ter acesso ao sistema financeiro e a alguns serviços”, explicou. Segundo ela, as finanças descentralizadas permitem melhor distribuição de renda e acesso, de maneira mais inteligente, a investimentos, financiamentos e benefícios. “É possível, por exemplo, fazer melhor distribuição de auxílios, romper verdadeiras barreiras e permitir que mais pessoas tenham acesso”, ressaltou.

Segundo Camila, um dado bastante interessante é que, ao longo da pandemia, o número de desbancarizados caiu 75%. “É interessante que essas pessoas têm acesso aos serviços, na maior parte dos casos, via celular. Ou seja, a maior mudança é a mobilidade”, pontuou.

DeFi permite construir de maneira colaborativa

Durante a apresentação, os participantes citaram vários exemplos de uso crescente do DeFi, mostrando que as soluções são viáveis e que seu crescimento é participativo. “Hoje o usuário já pode fazer um empréstimo e deixar um colateral como garantia, por exemplo”, ilustrou Rafaella. As stablecoins, nesse cenário, são importantes para garantir o acesso às soluções.

Para Felix, embora esse ainda seja um nicho, as stablecoins resolvem alguns dos problemas atuais, fazendo com que fique mais simples entender o conceito de descentralização. “Para entrar nesse mercado, é preciso ter o dinheiro programável”, apontou.

Porém, ele lembrou que algumas inovações merecem cautela e estudo por parte dos usuários. “A cada semana temos uma novidade. Então, é importante conhecer os projetos, entender o protocolo e os riscos envolvidos. A dica é nunca colocar em determinados projetos aquilo que o usuário não está disposto a perder”, orientou.

Para o diretor da Transfero, é importante tornar o DeFi mais “palatável” para o público comum, oferecendo experiências simplificadas que facilitem o acesso à tecnologia. “A melhor maneira de entender como funciona é interagindo com os protocolos. Ao simplificar a experiência, mais pessoas passam a utilizar as soluções”, ressaltou.