DeFi muda papel do intermediário, mas é preciso cautela

Debatedores do painel sobre DeFi no Fórum Blockmaster pontuam os riscos e oportunidades e o papel do intermediário nessa nova camada crypto

Por Redação  /  26 de agosto de 2020
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O DeFi, acrônimo para Finanças Descentralizadas, vai, no mínimo, mudar o papel do intermediário no mercado de criptomoedas. Mas ainda é preciso ter cautela nesse que é o novo hype nesse segmento, avaliam especialistas que participaram do painel de debate sobre o assunto no Fórum Blockmaster, este ano parte do Digitalks Digital Experience.

“Hoje existem incentivos econômicos para que o investidor aloque ativos em plataformas de DeFi com alguma segurança. Mas é preciso ir com cautela, já que, por ser uma nova camada do mercado de criptoativos, ainda pode estar sujeita a falhas. Além disso, hoje o DeFi ainda está muito calcado em subsídios, não se sabe até quando vai essa farra”, avalia o head of Research and Portfolio Management da Transfero Swiss, Carlos Russo.

O executivo pontuou ainda que as stablecoins são um dos alicerces do sistema de DeFi, uma vez que não apresentam custos de transferência. “O BRZ vai se agregar a protocolos descentralizados e trazer para o mercado brasileiro uma série de possibilidade, sobretudo no mercado de empréstimos, mas não só nele”, avalia.

Para o CEO e fundador da Fast Block Mining, Bernardo Shucman, ao colocar mais camadas na blockchain, o DeFi está mais suscetível a erros ainda desconhecidos. “Sou um defensor do proof-of-work da blockchain do bitcoin, porque é sua segurança que me garante que o bitcoin tem de fato um valor. Temo que essas novas camadas desvirtuem o própósito da blockchain”, pontua.


Mesmo com DeFi, intermediário vai ser necessário

Na avaliação do “diplomata” do Mercado Bitcoin, Bernardo Quintão, o intermediário será sempre necessário para que as criptomoedas cheguem ao consumidor final. “Vejo que pode haver uma evolução, mas tudo no mundo de crypto é muito ganancioso. Acho que o DeFi cria incentivos perversos no mercado, mas que têm uma lógica. Temos que ver o que de fato vai ficar de pé nesses projetos”, pondera o executivo.

Para o advogado da C2Law, Evandro Camilo, a descentralização é intrínseca do mercado de criptomoedas e que o DeFi é nada mais do que um novo nível de descentralização. “Com o passar do tempo, vamos passar a entender esses novos níveis de centralização e definir melhor as cadeias de risco e controle necessárias para que esse mercado se desenvolve de forma segura”, alerta. 

Os especialistas também alertaram para os riscos do DeFi já que estão muito baseados num smart contract. “Uma pessoa fez esse smart contract, então ele pode ser suscetível a falhas. E existem poucos protocolos de validação desses smart contracts”, complementa Camilo.

Este ano de 2020 deve ser o ano de avaliação do DeFi, na visão dos debatedores. À medida que esse mercado avançar, entidades governamentais vão passar a olhar para esse segmento e compreender os riscos e regras prudenciais para tornar o mercado mais seguro. “Mas acho que ainda veremos muitos golpes nessa área”, avalia Quintão, do Mercado Bitcoin.