CriptoWeek: Transfero debate stablecoins, CBDCs e criptoativos

O CEO da Transfero Swiss, Thiago César, discutiu as perspectivas para as stablecoins e os CBDCs durante a CryptoWeek e os modelos mais factíveis para o Brasil

Por Redação  /  30 de abril de 2021
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As stablecoins, CBDCs (sigla para Central Bank Digital Currency, ou moedas digitais que estão sendo estudadas pelos Bancos Centrais de todo o mundo) e a forma como essas inovações conversam com os criptoativos foram o tema do debate que encerrou o quarto dia da CryptoWeek, evento que aconteceu entre os dias 26 e 30 de abril.

“As stablecoins e os CBDCs não têm nada a ver com o bitcoin e uma coisa não invalida a outra”, pontuou o CEO da Transfero Swiss, Thiago César, ao ser questionado sobre a possibilidade dos novos formatos representarem uma ameaça ao bitcoin. “Em minha visão, são coisas completamente distintas. O bitcoin é uma rede 100% privada, que não requer autorização de entrada e não tem agenda política ou monetária. Ela é basicamente um protocolo, ao contrário das CBDCs e stablecoins”, destacou.

Segundo ele, as CBDCs são espelhos de moedas nacionais no ambiente digital, sem mudanças de paradigma econômico, como no caso das cryptos que rodam em blockchain. 

“As stablecoins acabam sendo uma porta de entrada para o universo crypto. É natural que depois que as pessoas aprendem a transacionar com stablecoins, seja mais simples migrar para o bitcoin ou se desvencilhar de políticas monetárias”, disse o autor do livro “The STO Financial Revolution” e professor de Blockchain na UCLA, Alex Nascimento. 

Quais os benefícios de usar um stablecoin?

Para Thiago, da Transfero, existem duas categorias de stablecoins. “Algumas não resolvem problemas inerentes à moeda, como a falta de liquidez. É o caso do tether (USDT), que tem lastro em dólar, moeda que não tem qualquer problema de liquidez. Mas a stablecoin oferece soluções para melhorar a usabilidade e eficiência, facilita e reduz o custo de transações internacionais”, disse. 

A outra categoria de stablecoins, conforme Thiago, são as criadas por países emergentes. “É o caso do BRZ, que traz ganhos de fundamento para a moeda. O real brasileiro não é integrado ao sistema internacional. Então, o BRZ proporciona eficiência operacional e soluciona problemas cambiais”, destacou.

Moeda do Facebook

Os painelistas também discutiram a proposta de instituição da Libra, pelo Facebook. “A iniciativa de ter um meio de pagamento global é sensacional, mas, no mundo real, não será possível desafiar os governos”, comentou o CEO da Transfero. 

O Fabebook, aliás, retrocedeu em seu projeto e deve anunciar, ainda este ano, a moeda Diem, atrelada ao dólar americano e criada em parceria com a Diem Association, organização sem fins lucrativos sediada na Suíça.

“É importante discutirmos sobre o que é moeda e o que é meio de pagamento”, disse o mestre em economia e colunista do InfoMoney, Gustavo Cunha. “O stablecoin tem se mostrado interessante como meio de pagamento”. 

Lastro das stablecoins em discussão na CryptoWeek

As stablecoins, em tese, têm lastro – seja em ativos como ouro ou petróleo, seja em moedas fiduciárias fortes, como o dólar (caso do Tether). Mas, o que garante a paridade e o fato de que o valor em moeda fiat realmente existe?

“Muitos investidores, ao aplicarem seu dinheiro em corretoras, têm essa confiança. Porém, o lastro da moeda fiduciária já não existe faz tempo, desde a década de 70, embora ninguém peça auditoria disso. Por que, então, as pessoas se preocupam com o lastro?”, questionou Thiago.

Ele lembrou que, segundo o Banco Central, até 2022 o Brasil deverá ter o real digital testado e implementado. “Será que esse modelo será seguro? E se, por exemplo, o CBDC expirar depois de algum tempo?”, finalizou ele, deixando o questionamento como uma reflexão para o público da CryptoWeek.


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