Onde está o Brasil no ecossistema das criptomoedas?

País movimenta o maior volume em transações com criptomoedas na América Latina e mesmo assim, investidores brasileiros ainda não conhecem ou optam por não entrar na criptoeconomia nacional 

Por Redação  /  21 de setembro de 2019
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Onde está o Brasil no ecossistema das criptomoedas? O país movimenta o maior volume em transações com criptomoedas na América Latina e mesmo assim, investidores brasileiros ainda não conhecem ou optam por não entrar na criptoeconomia nacional.

De acordo com o gerente de estratégias da Binance, Gin Chao, atualmente o Brasil é responsável por mais de metade do volume de negociações com criptomoedas feitas na América Latina. Ele afirma ainda que esse percentual pode chegar a até 65%. Apesar disso, a taxa de adesão brasileira à tecnologia ainda é muito baixa, representando menos de 1%.

Com isso, pode-se dizer que, se comparado a países que adotam criptomoedas em alta escala, a trajetória do Brasil nesse mercado está apenas começando. A taxa de adesão da Turquia, por exemplo, ultrapassa facilmente os 10%, o que é um número considerável para um mercado emergente.

A libra e o Brasil no universo crypto

Chao comentou sobre o potencial da libra do Facebook e fez um paralelo entre o futuro do Brasil no mundo crypto. O executivo acredita que o Brasil poderia se beneficiar da entrada do real no consórcio de moedas da libra. Isso porque o Facebook atrelou sua criptomoeda a um número de moedas e ativos em dólar e euro, por exemplo, e incluir o real é um jeito de aumentar a participação do Brasil nesse mercado.

Chao também ressaltou a importância da moeda brasileira para o mercado internacional. “O real é uma moeda muito interessante. Também é muito significativa do ponto de vista do trading. Trilhões de dólares são negociados na moeda diariamente”, afirma. O BRZ, por exemplo, é uma alternativa de trade usando a moeda brasileira.

Além disso, o gerente deu como exemplo uma prática da China que ele acredita ser muito importante para o desenvolvimento da tecnologia blockchain no país. Lá, o governo oferece um programa no qual estudantes são enviados a grandes faculdades da área de tecnologia internacionais, como Stanford e MIT. Assim, ao voltarem, são incentivados a colocar o que aprenderam em prática.

Criptomoedas no Brasil
Criptomoedas no Brasil no caminho do investimento de longo prazo

No Brasil, a blockchain e as criptomoedas ainda estão na fase de especulação. Ele explica que assim que o país alcançar uma adoção de aproximadamente 10%, o mercado ficará mais estável. Desse modo, os investimentos de mais longo prazo acontecerão. Para isso, esse mercado precisa atrair mais investidores profissionais e de venture capital – investidores que esperam crescimento rápido e alta rentabilidade. Assim poderá sair do cenário de pura especulação.

Chao afirma que o cenário começará a mudar quando investidores souberem o conceito de blockchain. “Se investidores entenderem os problemas para os quais o blockchain apresenta soluções e enxergarem nele projetos a longo prazo e valor econômico, o mercado começará a crescer”, ressalta.

Sobre os questionamentos sobre privacidade e segurança de dados, Chao rebateu perguntando se o Brasil é um país que valoriza a privacidade de dados. Ele explicou que vê esse conceito como um valor tipicamente ocidental.

“Nos países asiáticos, as pessoas ficam felizes em compartilhar seus dados pessoais para ter mais conveniência e melhores serviços. Eu sinto que as pessoas dizem que querem privacidade, mas expõem muito de suas vidas pessoais em redes sociais. Acredito que se seus dados são valorizados, elas aceitam compartilhá-los”.


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