Cripto ajuda a criar modelo de “doação exponencial” da Ribon

Socialtech brasileira se transformou em DAO para estimular doações e abrir espaço para a solidariedade digital

Por Redação  /  13 de maio de 2022
© - Shutterstock

O que acontece quando a filantropia se encontra com o mundo cripto? Ganho de escala e de eficiência. Além de estimular a mudança de cultura com relação às doações. Com esses objetivos em mente, a socialtech brasileira Ribon acaba de se transformar em uma Organização Autônoma Descentralizada (DAO).

De acordo com o CEO e cofundador da Ribon, Rafael Rodeiro, o passo de tornar a socialtech uma DAO é essencial para aumentar a cultura de doações entre jovens. Fundada em 2016, a Ribon entrou no ranking da Fundação Bill & Melinda Gates no ano passado por oferecer uma das dez soluções mais criativas e inovadoras do mundo na filantropia. O que eles ofereciam até então: a conexão entre grandes e pequenos doadores, para que pudessem doar juntos e aumentar o fluxo de doações para projetos sociais.

A era das doações exponenciais

Antes de ser uma DAO, a Ribon já tinha um olhar de efeito de rede no mundo das doações. No entanto, ela atuava com distribuição de ‘vouchers de doação’. Nessa distribuição, o público passou a reagir querendo também fazer as suas próprias doações. Segundo Rodeiro, a Ribon chega a ter uma conversão de 60% a mais do valor doado, porque a maioria das pessoas impactadas acaba querendo acrescentar dinheiro no voucher.

O modelo acaba convertendo mais do que o crowdfunding ou do que outras maneiras mais “clássicas” que ONGs usam para levantar fundos, como o uso de pessoal nas ruas e bailes de gala”. Isso porque, ao receber o voucher e também doar, o usuário recebe em troca as informações de como o dinheiro foi usado. 

Cripto para o bem

O que a socialtech percebeu logo de cara, disse Rodeiro, é que o que mais faria sentido para criar escala para o aumento dessas doações seria entrar no mercado cripto. Mas não exatamente em alguma moeda, já que seria apenas acrescentar um tipo diferente de transação financeira no bolo. Entrar em cripto significava acrescentar também a lógica da transparência e da igualidade trazida pela blockchain para as doações.

“Muita gente acredita que o cripto combina com a filantropia por causa da rastreabilidade da doação. E, de fato, facilita. Mas, as tecnologias de hoje já permitem que isso aconteça fora da blockchain. Não precisa ter uma plataforma de doação em cripto para tornar tudo rastreável”, explica Rodeiro. 

A diferença de usar o processo da DAO é o “alinhamento de interesses”, disse Rodeiro. “Não ter ações, mas tokens faz a diferença”, explicou o executivo. Quando a empresa abre o capital, existe uma pressão para que ela lucre mais, algo que não acontece diretamente com uma DAO. “Todos atuam juntos para fazer os tokens serem mais valorizados”, falou Rodeiro.

DAO é o “caminho do meio”

Algumas organizações de filantropia estão seguindo o caminho de se tornar organizações autônomas descentralizadas, como o caso da Big Green DAO, ou até mesmo das DAOs criadas para levantar fundos para os ucranianos. Isso porque a DAO é, essencialmente, uma coleção de smart-contrats que governam a interação de indíviduos que estão ali por escolha. Ou seja, há um incentivo intrínseco de alguém deter o token de uma DAO. Além do retorno: a pessoa pode alterar os protocolos e participar de decisões da empresa.

Os tokens da Ribon, que devem ser lançados após o protocolo em código aberto da socialtech, vão poder ser usados para, por exemplo, aprovar ou exigir que ONGs entrem na plataforma da empresa. Num segundo momento, eles vão abrir espaço para as “doações ativas”, já que o papel poderá valorizar e ser usado para aumentar o pool de dinheiro para ações de caridade. 

“O usuário vai poder usar os tokens para melhor ou controlar o nosso protocolo. Mas também poderá vender no mercado. Pode se tornar uma renda extra. E é um movimento impossível de se fazer fora de cripto”, explica Rodeiro. O executivo vê nessa possibilidade a capacidade de estimular o efeito de rede, tanto para doadores, quanto para as empresas integradas na plataforma que querem doar para ONGS. “Todos são alinhados no interesse do mesmo Token”, disse. 

“O que é mais legal, o que muda, é que o Token está ligado com o sucesso do protocolo, quanto mais as pessoas se envolvem com ele, mais ela ganha.  A gente se inspirou na  tokenomics, os protocolos que já funcionam e entendemos que no setor de socialtech vai ser matador”, finalizou Rodeiro.


Tags