Pandemia pode favorecer criptomoedas no médio prazo

Impactos da Covid-19 na economia global podem favorecer um momento de ruptura das criptomoedas, mas não no curto prazo, avaliam especialistas

Por Redação  /  23 de abril de 2020
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Os impactos da Covid-19 nos mercados financeiros e na economia global podem favorecer um momento de ruptura das criptomoedas, mas isso ainda deve levar um tempo. A avaliação é do consultor em Tecnologias Emergentes, o ex-Qualcomm, Mark Blackman, e do professor de Direito do California Western School of Law, em San Diego, James Cooper, em artigo publicado no Coindesk.

Os especialistas consideram que alguns fatos levam a esse raciocínio. Entre eles, a injeção de trilhões de dólares pelos bancos centrais para conter a carnificina econômica e as propostas da criação de um dólar digital de alguns legisladores do Congresso dos EUA.

No entanto, eles questionam se os EUA e o resto do mundo já estão prontos para aceitar as moedas digitais e as inovações relacionadas à blockchain. Primeiramente, porque as estruturas legais para regular a maneira pela qual a sociedade utiliza novas tecnologias, incluindo a blockchain, estão sempre atrás das próprias tecnologias. Nesse sentido, as agências reguladoras e supervisionadoras têm sido lentas para acompanhar o funcionamento dessa complexa tecnologia.

Falta de regulamentos atrapalha criptomoedas

A escassez de prescrições legais essenciais também impede a adoção maciça. Serviços financeiros, títulos de propriedade e contabilidade tributária exigem novos regulamentos para acomodar as realidades em mudança trazidas pelas tecnologias blockchain. Segundo eles, é preciso, por exemplo, determinar claramente até que ponto contratos inteligentes podem ser executados em um tribunal.

blockchain
Eles defendem ainda o aumento das proteções de privacidade antes que haja uma ampla adoção das tecnologias blockchain. Sem esses fundamentos estabelecidos, argumentam, será difícil confiar nessa nova tecnologia em todas as nossas relações sociais – identificação, dinheiro, reputação e assim por diante. Isso não será mais fácil, dada a necessidade imediata de reconstruir sistemas financeiros e para muitos, o próprio emprego.

Além dos desafios legais, existe o obstáculo da adoção. Apesar de todos os problemas relacionados às moedas fiduciárias, há um grande conforto na segurança tradicional dos serviços financeiros atuais. Por exemplo, se um ladrão rouba um cartão de crédito, o banco cobre despesas indevidas. Se um banco falir, o governo socorre. E se os pacotes de estímulo funcionarem, a lealdade ao atual sistema bancário centralizado só aumentará.

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Usuários deverão ser responsáveis por seus erros

Sendo assim, eles argumentam que para que o novo mundo das criptomoedas se torne popular, o consumidor médio deve aprender a trabalhar com as complexidades dessa tecnologia. Por exemplo, consumidores deverão estar prontos para assumir suas próprias perdas por roubo ou erro. Ou seja, há uma enorme necessidade de informação e educação para que isso se torne realidade. Além disso, existem poucos aplicativos descentralizados que despertaram o interesse do público ou demonstram uma verdadeira utilidade.

dolar digital
Mesmo o Congresso americano considerar o uso de um dólar digital, esses obstáculos cima permanecerão. É possível ainda que as soluções projetadas pelo governo falhem quando comparadas às dos concorrentes tecnológicos.

Embora a visão dos especialistas seja apenas parcialmente otimista, é preciso lembrar que adoção no dia a dia e uso como reserva de valor têm trilhados caminhos diferentes. Nesse último contexto, investidores institucionais já têm colocado as criptomoedas em seus portfólios e a tendência é que mais e mais passem a considerar os criptoativos. Não são poucos os exemplos no mundo onde isso já está ocorrendo, e isso não depende, no fim das contas, da adoção em massa dos criptoativos.