Correção do bitcoin foi um movimento de corrida ao dinheiro

Movimento de curto prazo devido às medidas para conter o coronavírus não muda os fundamentos do bitcoin como ativo anticíclico no longo prazo

Por Thiago César  /  18 de março de 2020
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A correção no preço do bitcoin após a deflagração da pandemia do coronavírus foi um movimento de curto prazo decorrente de uma corrida ao dinheiro e não muda os fundamentos do bitcoin e do mercado de criptoativos em geral, avalia o CEO da Transfero, Thiago Cesar. Sendo assim, a tese do bitcoin como ativo anticíclico permanece inalterada no longo prazo, pontua o executivo.

“No auge da turbulência do mercado, todos os ativos caíram. O ouro, por exemplo, que é considerado um porto seguro milenar, também caiu. Isso prova que o movimento foi muito mais para cobertura de posições do que de fato qualquer mudança de fundamentos do mercado de criptoativos”, pondera.

Ele lembra que a queda atual dos mercados está relacionada às medidas para conter o coronavírus e não são decorrentes de uma crise de confiança no sistema financeiro, como ocorreu em 2008. Nesse cenário de crise de confiança é que os ativos anticíclicos mostram mais suas características de portos seguros.

Por que ocorreu uma corrida ao dinheiro?

As medidas de contenção do coronavírus provocaram perdas significativas nas bolsas e em posições de fundos de investimento globais. Sendo assim, muitos investidores institucionais que estavam posicionados em criptoativos – geralmente grandes players como fundos de pensão e de investimento – tiveram que liquidar suas posições em crypto – vender criptoativos – para compensar outros investimentos que sofreram chamadas de margem – quando o investidor precisa depositar recursos para corrigir a margem requerida nas suas posições. 

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Injeção de recursos na economia pode desencadear crise

Embora neste momento não haja uma desconfiança no sistema financeiro internacional, no longo prazo o cenário muda de figura. A injeção de recursos na economia feita pelos Bancos Centrais para dar liquidez ao mercado, sem uma crise sistêmica que a justifique, reduz o poder de atuação dessas instituições no caso de haver uma.

“É preciso que o investidor avalie seu horizonte de investimentos. Se ele é de curto prazo, a queda no valor do ouro, bitcoin e todos os ativos pode assustar e a única saída é ter cash. Se o horizonte for de médio, longo prazo, é muito provável que a crise se agrave e os bancos centrais não respondam de forma satisfatória, e aí sim poderemos entrar num cenário de crise sistêmica. Nesse caso, os ativos anticíclicos vão mostrar seu valor”, analisa o executivo. 

Vale lembrar que com o evento do halving, a tendência para os próximos 18 meses é de alta no bitcoin. O que não deve evitar, no curto prazo, novas oscilações resultantes de movimentos do mercado financeiro.