Crypto Valley: região da Suíça atrai empresas blockchain

Área vem atraindo mais companhias graças a impostos e legislação favoráveis. Iniciativas usam o crypto para soluções que vão das artes ao transporte

Por Redação  /  3 de dezembro de 2020
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O ano de 2020 foi marcado por uma forte alta do bitcoin e pelo crescimento do DeFi (finanças descentralizadas). Muitos desses projetos tiveram como berço o Crypto Valley, região na Suíça que atrai centenas de empresas do setor e que já extrapolou as fronteiras do país. Conheça um pouco mais a região e como ela chegou ao nível atual.

O que é o Crypto Valley?

Enquanto o Silicon Valley — lar de gigantes da tecnologia — nos EUA adotou o nome do material de componentes tecnológicos, o Crypto Valley abraça o nome da indústria que atraiu: a de criptoativos e criptomoedas.

O Crypto Valley nasceu em Zug, um cantão da Suíça, mas cresceu tanto que agora inclui áreas de Liechtenstein.

Por que Zug?

Segundo a Crypto Valley Association, Zug atrai empresas em função de sua “filosofia pró-negócios”. São vantagens deste cantão, por exemplo, os impostos baixos e o ambiente amigável para os negócios, o que favorece quem quer empreender na Suíça. Além disso, a sinalização de que seria possível pagar impostos com criptomoedas também reforça a ideia de uma postura mais aberta para as empresas do setor.


Mas, se o pagamento de impostos só começa a valer em 2021, já é possível, desde 2016, usar bitcoin em outras operações oficiais. Naquele ano, passou a ser possível pagar pequenos serviços do governo com a criptomoeda líder. É o caso, por exemplo, da emissão de certidão de nascimento ou de um documento de identidade, explica a Join Up — plataforma da União Europeia para assuntos de e-government.

A decisão de Zug de focar no crypto foi a saída para lidar com a mudança nas leis suíças que prejudicaram os antigos negócios locais. Essas mudanças incluem, por exemplo, o fim do sigilo bancário no país. Além disso, o cantão tem um conselho próprio de promoção da região. Ele conseguiu atrair empresas como o Ethereum.

Em expansão

Apesar da pandemia de coronavírus, o Crypto Valley cresceu no primeiro semestre. Conforme o relatório CV VC, 919 empresas de blockchain 50 principais empresas do Crypto Valley valem US$ 37,5 bi fazem parte do ecossistema do Crypto Valley. No semestre anterior, elas eram 842. Assim como o número de iniciativas na região, cresceu o de funcionários, que passaram a ser 4.780 (alta de 8,6%).

Em que a região se diferencia?

O relatório da CV VC ressalta que a concentração de players importantes na região está “bem acima da massa crítica exigida para fomentar a criação exitosa” de grandes inovações e sua adoção.

Quais tipos de negócios estão no Crypto Valley?

As áreas de atuação, contudo, vão muito além das criptomoedas, como o nome pode fazer parecer. Há, claro, empresas que usam o blockchain para pagamentos, mas os negócios vão muito além.

A 4ARTechnologies, por exemplo, desenvolve soluções para o mundo das artes. Uma das possibilidades que ela abre é o uso da tecnologia para garantir a autenticidade de obras de arte no mundo real — e não de certificados digitais.

Já a Modum usa o blockchain para digitalizar as cadeias de suprimentos. A tecnologia é usada, por exemplo, para automatizar o monitoramento dos produtos.

Há, ainda, empresas nas áreas de seguros, bancos crypto, exchanges, empréstimos, protocolos. Além disso, existem as de pagamentos, e-wallets, dados e análises, entretenimento e outras.