CBDCs sintéticos agregam vantagens do público e do privado

Diferentes dos CBDCs tradicionais - moedas digitais emitidas por um banco central - os sintéticos podem dar maior competitividade para o produto

Por Redação  /  15 de junho de 2020
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Moedas digitais lastreadas no passivo de um banco central, mas emitidas com a ajuda de uma entidade privada, os chamados CBDCs sintéticos, podem servir como meios confiáveis de pagamento dando maior competitividade ao setor privado, afirmou Tommaso Mancini-Griffoli, vice-chefe de divisão do FMI no Departamento de Mercados Monetário e de Capitais/

Um CBDC – Central Bank Digital Currency – sintético, conforme descrito por Mancini-Griffoli, é praticamente uma parceria público-privada. A ideia é que um fornecedor licenciado de eMoney armazene fundos de clientes em um banco central e, em troca, recebe um passivo do banco central que eles podem empacotar em uma stablecoin publicamente negociável apoiada pelas reservas do banco central.

Para Mancini-Griffoli, em matéria publicada no Coindesk, o principal benefício de um CBDC sintético, em comparação com um CBDC tradicional – ou seja, onde o banco central é responsável por toda a operação de um digital moeda – é o seu espaço para inovação monetária dentro dos limites de um ambiente seguro e bem regulamentado, disse. Por outro lado, a ideia de um CDBC tradicional pode ser muito cara e arriscada para um banco central, além de impedir a inovação.

Outros bancos centrais também discutiram a possibilidade de um papel para as empresas privadas na definição de uma CDBC. O Banco da Inglaterra (BoE) sugeriu que poderia haver áreas em que uma empresa estaria mais bem posicionada para oferecer sua própria solução monetária para os clientes, em oposição ao próprio banco central.

Até a China, grande crítica à iniciativa Libra, apoiada pelo Facebook, atribuiu um papel para um grupo seleto de entidades privadas na sua moeda digital soberana. O Banco Agrícola da China, por exemplo, assim como Alibaba e Tencent, vão contribuir na emissão do yuan digital.

CDBCs sintéticos permitem a bancos centrais se concentrar em supervisão

Mas o aspecto principal dos CBDCs sintéticos, na opinião do FMI, é que ele delega a maioria das funções fundamentais de um CBDC ao setor privado. Com isso, o banco central se concentraria apenas em áreas onde oferece valor tangível: a saber, supervisão e liquidação regulatória.

Ao oferecer responsabilidades no atacado, todas as outras funções nas quais o setor privado tradicionalmente se destaca, como gerenciamento de clientes, triagem de clientes e até mesmo o design técnico do próprio CBDC, podem ser terceirizadas efetivamente.

Ainda há, contudo algumas questões a serem resolvidas. A principal delas é como será a relação entre os setores público e privado. Um banco central garantiria que as entidades privadas realizassem a devida diligência nos clientes e forneceria informações sobre como seria o design técnico do token?


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