Burger King é mais um passo da Venezuela em direção às criptomoedas

Rede de lanchonetes passou a aceitar criptomoedas como forma de pagamento; bitcoin é popular entre os residentes como mecanismo de proteção à inflação

Por Redação  /  28 de janeiro de 2020
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O Burger King da Venezuela passou a aceitar criptomoedas como forma de pagamento. A iniciativa é mais uma mostra de que a relação do país com as criptomoedas vem crescendo. Com a inflação em situação crítica há vários anos, a população vem buscando novas formas para driblar a desvalorização da moeda fiduciária local

A iniciativa do Burger King com criptomoedas é uma parceria com a startup Cryptobuyer e está concentrada nas unidades da região de Sambil, em Caracas. Além do bitcoin, os consumidores poderão comprar lanches utilizando ether (ETH), litecoin (LTC), binance coin (BNB), dash e dólar tether (USDT).

A Cryptobuyer é um gateway de pagamentos com criptomoedas com sede no Panamá e é responsável por facilitar o processo de pagamento para que diferentes empresas possam aceitar criptomoedas. Sendo assim, a empresa faz a conversão das criptomoedas e paga à loja em moeda fiduciária. Além disso, a Cryptobuyer conta com uma série de caixas eletrônicos de bitcoin no país.

Segundo informações do blog da Dash, a cadeia de fast food pretende expandir a aceitação de criptomoedas para todas as 40 lojas localizadas em todo o país.  A previsão da empresa é que a Venezuela verá uma aceitação cada vez maior de criptomoedas durante o ano.

Vale lembrar que a utilização como bitcoin como meio de pagamento não é uma unanimidade no ecossistema de criptomoedas mundial. A moeda tem sido vista como reserva de valor com características semelhantes ao ouro e, por esse motivo, seria um contrassenso gastá-la uma vez de posse dela.

petro
Criptomoeda nacional, Petro, é ignorada pela população

As criptomoedas não são uma novidade para os venezuelanos. Diante da hiperinflação nacional, o governo de Nicolás Maduro lançou em 2018 o Petro, uma criptomoeda pareada ao valor do petróleo negociado internacionalmente pelo país. A intenção do presidente venezuelano era driblar sanções abrangentes dos EUA ao país no mercado internacional. No entanto, a criptomoeda é amplamente ignorada pela população, que não sabe como nem onde comprá-la. Os venezuelanos adotaram o bitcoin para proteger o valor da moeda local.

Numa tentativa de ampliar o uso da criptomoeda nacional, o governo da Venezuela passou a exigir recentemente que determinadas taxas marítimas, atualmente pagas em euros, devem ser pagas em Petro.  A exigência é uma tentativa de fortalecer a criptomoeda e ajudar o presidente Nicolás Maduro a reduzir a dependência do país de divisas estrangeiras.

A novidade coincidiu  com a retomada das exportações de petróleo após as sanções impostas pelos EUA sobre a Venezuela e a estatal PDVSA. No primeiro mês de adoção, contudo, 1 milhão de barris de petróleo deixaram de ser exportados a partir do país.

Numa outra tentativa de emplacar o Petro localmente, em dezembro, funcionários públicos e aposentados receberam um bônus de natal em Petro equivalente a US$ 30. As dificuldades de utilização, contudo, ainda impedem as pessoas de utilizarem a criptomoeda. Nos locais onde é aceito, a dificuldade para realizar os pagamentos acaba gerando filas e descontentamento.