Transfero lança o BRZ, primeira stablecoin pareada com o real

BRZ, primeira stablecoin pareada com o real, permitirá a investidores do mercado de criptomoedas acessar milhares de outros tokens e moedas ao redor do mundo

Por Redação  /  15 de julho de 2019
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A Transfero Swiss AG disponibilizou ao mercado a primeira stablecoin denominada e pareada em reais: o BRZ (Brazilian Digital Token). O BRZ permitirá a investidores do mercado de criptomoedas acessar milhares de outros tokens e moedas digitais ao redor do mundo sem se expor à volatilidade do bitcoin.

Segundo o CoinMarketCap, existem mais de duas mil criptomoedas e tokens espalhados pelo mundo, que não podem ser acessados diretamente por brasileiros sem a exposição inicial ao bitcoin, que é por natureza um ativo digital extremamente volátil.

Utilizando a tecnologia blockchain do Ethereum, o BRZ, primeira stablecoin pareada com o real, está disponível em sete exchanges – Bittrex, SIMEX, BitForex, ZBX, Profitfy, Union Trade e Transfero Liechtenstein –, sendo um utility token ERC-20. Cerca de dois milhões de tokens já foram emitidos.

Como é um token, e não um valor mobiliário ou ativo financeiro, o BRZ não passa pela interferência na emissão ou no funcionamento por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entretanto, o projeto buscou pareceres jurídicos de alguns dos principais escritórios de advocacia do Brasil e do exterior com fins de oferecer segurança perante o mercado.

Primeira stablecoin pareada com o real remete ao tether

Segundo o CEO da Transfero Swiss, Thiago Cesar, a criação da primeira stablecoin brasileira vem sendo discutida desde o desenvolvimento e a consolidação do tether nos EUA – primeiro modelo desse sistema reconhecido pelo mercado como eficiente na manutenção da paridade entre os tokens e uma moeda fiduciária.
stablecoin pareada com o real
O tether atualmente é a principal stablecoin do mundo em termos de volume de colateralização e tokens em circulação.

“Já estamos em negociação com diversas exchanges e, em breve, outras também terão acesso ao BRZ”, diz.

A manutenção da estabilidade do BRZ será buscada por meio das reservas denominadas em reais, com transparência e gestão profissional por parte do emissor – que fará a curva de preços do ativo convergir para uma paridade em moeda nacional. Além disso, a manutenção da estabilidade se reforça pelas oportunidades marginais de arbitragem, possibilitadas pela atuação de agentes de mercado que exploram assimetrias de preços entre as plataformas.

“O BRZ poderá ser utilizado em exchanges nacionais e internacionais, em operações com pares de outros ativos e em plataformas de OTC (mercado de balcão)”, destaca Cesar. Segundo o executivo, a nova stablecoin vai trazer liquidez, em reais, aos pares de altcoins de livros globais. “Já os traders contarão com uma stablecoin confiável para se proteger contra a volatilidade e entrar nos mercados de cripto sem a exposição inicial ao Bitcoin ou Ethereum, normalmente comprados com ágio no Brasil”, completa.

Stablecoins ganham espaço no mercado por manter o valor estável

O BRZ foi criado pelo departamento de Asset Tokenization da Transfero Swiss AG, a maior gestora de ativos digitais da América Latina, fundada em 2015, com sede na Suíça e operações na Europa e no Brasil.

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O conceito de stablecoin – criptoativo que busca manter seu valor ao longo do tempo em relação a uma moeda fiduciária ou a um grupo de ativos – está em alta neste momento com o lançamento da Libra, moeda do Facebook, que será lastreada em uma cesta de ativos em várias moedas.

De forma semelhante à Libra, o BRZ utiliza um mecanismo próprio de colateralização, onde todas as unidades de BRZ em circulação possuem uma contrapartida em reais ou em instrumentos financeiros denominados em moeda nacional. As principais stablecoins em operação, lastreadas em dólar – TrueUSD, Tether e PAX –, utilizam esse mecanismo para o controle de preço, em um modelo com quase cinco anos de funcionamento.

A primeira stablecoin pareada com o real será um ativo especulativo?

Por se manter estável ao longo do tempo, as stablecoins não apresentam rentabilidade. Ou seja, o objetivo do BRZ não é a especulação, mas sim aumentar a eficiência de transações com ativos digitais e o consequente acesso a outras criptos, sem se expor à volatilidade das principais criptomoedas.

“O bitcoin acaba sendo um ativo mais usado para investimentos e consequentes movimentos de especulação, apresentando uma característica muito volátil. No BRZ, o emissor mantém uma reserva que pode ser auditada, o que demonstra que os tokens estão referenciados por um lastro denominado em reais. Isso faz com que os agentes de mercado acreditem na estabilidade do valor do BRZ”, explica Carlos Russo, Head de Investimentos da Transfero Swiss AG.


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