“BRZ deu um salto qualitativo com listagem na Bittrex”

Em entrevista ao PanoramaCrypto, o CEO da Transfero Swiss, Thiago Cesar, fala dos dois primeiros meses de listagem do BRZ, aprendizados e do roadmap para o futuro

Por Redação  /  5 de setembro de 2019
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O lançamento do BRZ, a principal stablecoin pareada ao real, foi muito bem recebido pelo mercado, avalia o CEO da Transfero Swiss, Thiago Cesar, em entrevista ao PanoramaCrypto. A listagem na Bittrex, uma das maiores exchanges do mundo, deu um outro patamar à moeda. “As exchanges brasileiras passaram a levar mais a sério o projeto e a mídia também cobriu bem”, conta. Na entrevista, Cesar fala ainda de transparência, aprendizados, e perspectivas para o futuro.

Foto de Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss AG

Thiago César, da Transfero: transparência e auditoria no pipeline

Leia os principais trechos:

Já faz alguns meses que o BRZ foi listado. Qual a avaliação que vocês fazem até o momento?

O BRZ ganhou um outro status após a listagem na Bittrex. Tanto frente ao mercado, quanto frente aos usuários de crypto no Brasil. As exchanges brasileiras passaram a levar mais a sério o projeto, a mídia também cobriu bem. 

As corretoras estrangeiras também demonstraram mais interesse, porque a Bittrex é uma referência no mercado de bitcoin. Então a BRZ deu um salto qualitativo muito grande depois dessa listagem. Nesses dois meses de BRZ, podemos dizer que por enquanto tem sido um sucesso. 

Ele ainda não está sendo adotado em massa por uma questão de listagem das corretoras brasileiras, mas já temos usuários orgânicos que estão operando o BRZ nas exchanges estrangeiras. 

Já tem algum aprendizado nesse tempo?

Muitas lições foram aprendidas durante o processo. A principal delas é o mercado demandando muito uma questão de transparência e auditoria. Já sabíamos que isso seria importante, mas chegou um pouco mais cedo do que imaginávamos. 

colocamos no ar o portal de transparência, e já estamos fechando uma auditoria para auditar os saldos da BRZ. O mercado, principalmente o brasileiro, está muito escaldado. Por recentes notícias de escândalos, corretoras fugindo com dinheiro de clientes. Então acredito que isso serviu como motivador para esse tipo de pauta. 

A segunda coisa é questão do marketing making. Ficou uma lição muito importante para nós de que temos um papel muito importante na formação de preços nos diversos mercados. Então temos que estar sempre conversando com as duas pontas, com o vendedor e com o comprador, para fazer o BRZ ter tração e ser usado como instrumento de trade. 

Qual a previsão de a auditoria estar sendo equacionada?

A previsão é de termos em breve a auditoria assinando os extratos e o meio circulante do BRZ. Já temos o portal de transparência para o usuário observar as reservas, e vamos ter um auditório de advocacia e contabilidade fazendo a checagem de fato das reservas. 


Quantos tokens já foram emitidos?

11,7 milhões tokens, o que equivale a R$ 11,7 milhões. É importante dizer que alguns desses tokens estão em tesouraria, ou seja, eles estão sendo jogados no mercado assim que os compradores fizerem de fato o depósito. Temos todas essas reservas e esperamos que eles entrem em circulação nas exchanges nos próximos 15 ou 20 dias. 

Esse é o limite ou o limite é maior?

Na verdade, não há limite. Sempre que tivermos um real em reserva, podemos emitir um token. Então tudo vai depender da demanda do mercado. 

Já tiveram algum feedback importante dos clientes e do mercado?

Tivemos experiências com alguns grandes compradores. A primeira coisa é fazer o cliente entender que é uma stablecoin e que eles têm que confiar que o preço vai se manter estável. Então eles sempre pedem esse tipo de garantia, que basicamente é traduzida na formação de preços em exchanges internacionais. A experiência que tivemos é que esses compradores sempre perguntam se a reserva existe mesmo, se a liquidez dos books internacionais está boa. É sempre uma questão de liquidez. 

Qual é o principal perfil dos clientes do BRZ hoje?

Os clientes do BRZ hoje são majoritariamente operadores do mercado de criptomoedas. Pessoas que fazem arbitragem, que operam entre diversas corretoras. Diria que 90% são brasileiros. 

Eles estão usando com o intuito de operar no mercado sem precisar se expor inicialmente ao bitcoin?

Exatamente. Estão usando o token como um instrumento para hedge, para diminuir a volatilidade, para solucionar em um instrumento mais estável. 

Brasil bitcoin
Como é o processo de compra do token aqui no Brasil?

Hoje o cliente tem algumas opções. Pode ir na 3RZ, mas ela atua mais como gestora da reserva, então ela atende clientes qualificados, com volume de compra maior, como se fosse no atacado. Para o varejo, os clientes podem entrar na Profitfy ou na Union Trade e fazer compras de frações menores de BRZ. Ou se estiverem no exterior, comprarem nas exchanges internacionais. 

Existe a perspectiva de listar em mais exchanges?

Existe sim. Estamos em conversas não só com exchanges, mas também com grandes plataformas internacionais, que funcionam como exchanges mas também têm outros serviços. Temos algumas outras plataformas que demonstraram interesse no BRZ. 

Como o mercado percebeu o BRZ?

Percebemos muito interesse do mercado, do setor privado, de grandes bancos brasileiros. 

Existem sinergias futuras a serem aproveitadas entre o BRZ e a Transfero? 

O BRZ é um projeto da Transfero como marca, mas a questão da sinergia existe. A Transfero por ser uma asset manager de crypto, ela pode usar o BRZ como um dos seus instrumentos de investimento, para fazer estratégia de hedge. Querendo ou não, as pessoas que hoje trabalham na Transfero têm uma visão macro de como funciona o BRZ. Então isso é sim uma sinergia do ponto de vista tanto do balcão, quanto da gestão de investimentos. 

Quais seriam os próximos passos do BRZ, uma evolução natural?

Como já falamos, a auditoria e transparência, listagem em novas exchanges e plataformas internacionais relacionadas a criptomoedas. Os próximos passos são justamente se consolidar como instrumento reconhecido pelo mercado brasileiro, quiçá pelo governo, como a principal stablecoin brasileira. E sempre que as pessoas pensarem no Brasil, elas pensem no BRZ como a forma mais fácil de acessar esse mercado, que ainda é muito fechado. 

O que mais está no radar?

Temos no nosso roadmap a integração com outras blockchains. Hoje ele está integrado com a blockchain da Ethereum, mas abrimos a possibilidade para integração em outras blockchains também, de acordo com as necessidades, de diferentes plataformas e clientes. Podemos dizer que o roadmap do BRZ, bem mais para o futuro, pode incluir uma operação crosschain, usando a blockchain da Ethereum, da Stellar, até mesmo da Binance.

Essas blockchains trabalham com o protocolo proof of stake?

A da Stellar já tem, a de Ethereum vai migrar, então, sim está no nosso roadmap.


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