Bitcoin pode ser uma reserva de valor superior ao ouro; saiba por que

Ao longo dos séculos o ouro foi o principal instrumento de reserva de valor, mas isso está mudando; saiba por que o bitcoin é melhor que o ouro para isso

Por Carlos Russo  /  2 de julho de 2019
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O ouro vem sendo usado como reserva de valor e meio de troca por séculos. Além disso, por suas características, é considerado um instrumento de proteção contra crises e de redução de volatilidade no portfólio. Nos últimos anos, diante de um cenário de guerra comercial entre China e EUA e uma possível crise financeira decorrente dessa disputa, bilionários e grandes gestores de hedge funds têm adicionado ouro de forma consistente aos seus portfólios. Seria o bitcoin melhor que o ouro para isso?

Dado que boa parte do valor de mercado do ouro é derivado de sua aplicação como reserva de valor e não de sua aplicação industrial, desacelerações econômicas causadas por crises globais costumam ter impacto contrário em seu valor de mercado. Sendo assim, o ouro é um dos ativos preferidos dos investidores em cenários de iminência de recessão.

Ouro

O bitcoin, contudo, pode seguir este mesmo caminho e servir como reserva de valor e proteção contra a inflação. Embora a criptomoeda seja muito volátil no curto prazo, ela tem uma tendência de valorização no longo. Por duas razões: a recompensa dos mineradores cai ao longo do tempo, fazendo com que valha cada vez menos a pena minerar novos bitcoins. Além disso, o número de bitcoins minerados tem um limite: 21 milhões. Portanto, à medida que novas pessoas entram no mercado, com a oferta limitada, o preço tende a subir.

Além disso, o bitcoin não tem hoje nenhuma correlação com os mercados tradicionais. Ou seja, no evento de uma grande crise financeira mundial, com queda no preço de ativos e problemas de liquidez, no longo prazo essa criptomoeda continua seguindo seu caminho natural. Assim sendo, ela pode funcionar como uma reserva de valor desde que o prazo para saque seja superior a 4, 5 anos.

Bitcoin é melhor que o ouro porque é um instrumento de liberdade

É importante pontuar que o bitcoin cumpre funções diferentes do ouro e que dão vantagens sobre o metal. Mais do que uma reserva de valor, ele é um instrumento de privacidade e liberdade. Ele compõe uma parte do portfólio do investidor que jamais pode ser confiscada. Ou seja, ele está fora do alcance de qualquer tipo de governo, independente do que aconteça: guerras, confiscos, etc. Esse tipo de benefício inexiste em outros ativos.

Portanto, independente do que aconteça, se você mantiver sua chave privada, os bitcoins estarão sempre em sua posse. Obviamente, isso traz outros cuidados: é preciso, por exemplo, ser diligente com a sua chave privada. Se o detentor, vier a falecer, é preciso ter bem definido quem vai ficar com os bitcoins, como eles serão acessados, etc.

Carlos Russo

head de Investments da Transfero Swiss AG

Carlos Russo

head de Investments da Transfero Swiss AG

Mais do que uma reserva de valor, ele é um instrumento de privacidade e liberdade. Ele compõe uma parte do portfólio do investidor que jamais pode ser confiscada

É verdade que os principais gestores de fundos mais tradicionais ainda não aplicam no bitcoin. Primeiro, porque isso geraria uma volatilidade na carteira e que poderia ir de encontro às regras do fundo. Além disso, em alguns países, o gestor não pode adicionar criptomoedas a um fundo, como no caso do Brasil, porque elas não são consideradas um ativo financeiro. No entanto, alguns fundos com destinações mais específicas têm adicionado bitcoins a seus portfólios.

Diante desses fatos, é indiscutível que o bitcoin é um instrumento de reserva de valor, proteção contra crises, inflação e contra a tirania dos governos e bancos. Com a vantagem de ser mais acessível à massa de investidores, que não precisam sequer deter uma conta bancária para deter alguns bitcoins.