Banco Central Europeu vê risco de recessão prolongada

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) descartou uma rápida recuperação da economia europeia no final de abril e diz que retomada deve ser bem mais lenta

Por Redação  /  1 de junho de 2020
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O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) descartou uma rápida recuperação da economia europeia no final de abril e enxerga uma possível recessão prolongada. Assim, uma chamada recuperação em “V”, que acompanharia rapidamente a crise causada pela nova pandemia de coronavírus (Covid-19), “certamente já pode ser descartada”, dizem as atas da última reunião. Tal recuperação significaria que havia um dano econômico limitado.

Sendo assim, o entendimento dos bancos centrais que integram o conselho é a de que se os consumidores não recuperarem a confiança logo após o fim do confinamento, existe o risco de que a demanda permaneça moderada. Os efeitos da crise no emprego deprimirão a demanda, com o risco de uma recessão prolongada. O BCE disse que está pronto para fortalecer ainda mais suas ferramentas para combater a crise – em outras palavras, injeção de recursos na economia.

A instituição esperava que o produto interno bruto da área do euro caísse “5 a 12%” este ano, explicou a presidente do BCE, Christine Lagarde. Essa margem reflete a “grande incerteza” em torno dos danos econômicos causados ​​pela pandemia. “Dos três cenários apresentados, o cenário de baixo impacto provavelmente já era otimista demais”, de acordo com a ata.

As projeções macroeconômicas (relacionadas a aspectos de grande escala da economia) apresentadas na reunião de 4 de junho “serão significativamente inferiores às apresentadas em março”, disseram os banqueiros centrais.

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Banco Central Europeu prevê recessão catapultada por setores mais afetados

Em vez de uma forma de “V”, um número crescente de economistas está prevendo uma recuperação em forma de “U”, com um vale de crescimento por alguns meses e uma recuperação que levaria tempo para se moldar, penalizada por setores afetados por muito tempo, como turismo ou comércio.

A previsão dos bancos centrais confirma a tese da Transfero de que estamos no início do que parece ser um longo ciclo de recessão mundial. A depressão econômica vindoura deve reduzir em 40% o PIB Chinês no primeiro trimestre, algo que não acontecia há 50 anos. O mercado de trabalho norte americano, por sua vez, registra sucessivos recordes no número total de desempregados. A injeção do dinheiro dos bancos centrais para conter esse cenário deve gerar inflação no longo prazo, tirando o poder de compra da moeda. E os ativos digitais entram como um instrumento de proteção contra esse cenário.