Atuação dos bancos centrais na economia pode favorecer bitcoin

Pacotes dos bancos centrais para dar liquidez ao mercado podem estimular a inflação e as criptomoedas serão uma alternativa para os investidores

Por Redação  /  9 de abril de 2020
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O bitcoin pode se beneficiar da estratégia dos bancos centrais ao redor do mundo de injeção maciça de recursos na economia para minimizar os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus, segundo matéria publicada na Infomoney. E os bancos centrais estariam caindo em descrédito em relação à capacidade de combater crises, avalia o CEO da Transfero Swiss, Thiago Cesar.

“Para toda crise, parece que a única solução colocada na mesa é a injeção de mais capital. Só que as recuperações que acontecem depois disso são marginais. Acaba que não surte o efeito desejado. A economia, os ativos, não reagem de forma positiva e as pessoas passam a temer por uma crise sistêmica”, diz o executivo.

Segundo o executivo, esse descrédito pode ser comprovado pela recente recuperação no preço do bitcoin e também pelo aumento da demanda pelo criptoativo, em especial na Europa. Dados do Google Trends mostram que desde 8 de março houve uma disparada na procura pelo termo “bitcoin coronavírus”, liderada por países como Áustria, Suíça, Irlanda e Espanha.

banco central
Bancos centrais injetam US$ 5 trilhões

Para se ter uma noção do tamanho da atuação dos bancos centrais, os países do G20 estão injetando mais de US$ 5 trilhões na economia global. Só o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) lançou operações de recompras de títulos (as chamadas repo) que já passaram de US$ 2 trilhões. Também foi anunciado um programa de estímulos (Quantitative Easing) de US$ 700 bilhões.

Isso sem contar no pacote do governo que está prestes a ser aprovado no Congresso americano. O valor chega a US$ 2 trilhões, o maior já feito no país. Além disso, outros pacotes similares já foram anunciados na Alemanha, França, Japão, entre outros.

Como o bitcoin ganha com essas medidas?

De acordo com análise  do InfoMoney, esse movimento deve trazer efeitos aos poucos. E um deles pode ser a valorização do bitcoin. Segundo o diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), Safiri Félix, a tese de investimento em bitcoin é baseada no conceito de escassez digital programada, o que foi inserido no protocolo do ativo como a regra de emissão de novas moedas. “Isso é a antítese das políticas de afrouxamento monetário que começaram pós crise de 2008 e agora se intensificaram”.

Ele destaca ainda que neste cenário é importante buscar diversificação em ativos com menor correlação e que sirvam como proteção nesse momento de injeção massiva de liquidez.

Já o gestor de portfólios da Hashdex, João Marco Braga da Cunha, ressalta que a emissão de moedas pressiona a inflação, o que pode fazer com que os investidores vejam as criptomoedas como alternativa. Ele destaca ainda que após o halving do bitcoin, que está previsto para maio, pode haver redução da oferta e aumento do preço. “Portanto, essa possibilidade existe na nossa visão”.