Ativos sobreprecificados podem levar a uma recessão mundial

Preço dos ativos financeiros tradicionais estão nos maiores níveis de todos os tempos e isso pode favorecer ativos anticíclios como o ouro e o bitcoin

Por Thiago Cesar  /  10 de outubro de 2019
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Estamos próximos de uma nova recessão mundial e isso pode favorecer ativos anticíclicos como o bitcoin e o ouro, avalia o CEO da Transfero Swiss, Thiago Cesar. O executivo participou, na segunda-feira (08/10), de uma palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte da programação da Semana do Investidor, promovida pelo Instituto de Economia da universidade.

De um lado, bancos centrais estão expandindo a oferta monetária através de afrouxamentos quantitativos e cortes agressivos nas taxas de juros para aquecer suas economias. De outro, o preço dos ativos, impulsionado por esse dinheiro injetado, está em níveis superiores aos dos períodos imediatamente anteriores às duas recentes crises mundiais – a do subprime e do pontocom.

Para se ter uma ideia, os juros dos títulos do governo de diversas economias desenvolvidas estão negativos. Isso altera completamente o racional de valuation das empresas e até mesmo o processo decisório para novos investimentos no setor produtivo, já que o custo do dinheiro está artificialmente baixo. Por outro lado, indivíduos, famílias, sobretudo as norte-americanas, e até mesmo bancos centrais estão comprados em muitos desses ativos sobreprecificados. O Banco Central japonês, por exemplo, é acionista indireto de dois terços das empresas bolsa de valores do País, através de seu programa de compra de ETFs.

Thiago Cesar

CEO da Transfero Swiss AG

Thiago Cesar

CEO da Transfero Swiss AG

Os criptoativos são o presente. Hoje já representam um marketcap de US$ 300 bilhões. Além disso, com o surgimento das corretoras reguladas, os investidores institucionais estão entrando neste mercado.

Bolha constrói cenário para recessão mundial

A expectativa é, portanto, que haja uma grande bolha dos ativos que esteja prestes a estourar. A data do rompimento ainda é incerta, mas o passar do tempo só agrava a bola de neve financeira. Ou seja, tudo indica que esses elementos estão construindo um cenário para uma nova recessão mundial. Por isso, os ativos anticíclicos podem ser alternativas interessantes para proteção de patrimônio e, ato contínuo, valorização.

“Os criptoativos são o presente. Hoje já representam um marketcap de US$ 300 bilhões. Além disso, com o surgimento das corretoras reguladas, os investidores institucionais estão entrando neste mercado. O próprio Banco Central brasileiro já reconheceu a importância desse mercado ao considerar o bitcoin como componente na balança comercial“, afirma Cesar.

Percepção do bitcoin em evolução

A entrada do dinheiro institucional como comprador de bitcoin está ligada com a mudança na sua percepção ao longo do tempo e com a evolução da regulação. Enquanto em 2013 o assunto era tratado como fantasia, em 2017, apenas quatro anos depois, já não era mais possível ignorá-lo como uma nova classe de ativos.

bitcoin
E o futuro reserva mais transformações. Com o advento do bitcoin como reserva de valor, a tendência é o surgimento de um questionamento teórico do papel dos bancos centrais nas economias e até mesmo na natureza estatal da moeda. Assim, podemos rumar para um cenário onde os bancos centrais percam importância, dada a natureza privada das criptomoedas e a baixa capacidade de interferir na oferta e demanda das moedas criptográficas.

Além do bitcoin, o executivo comentou ainda sobre o mercado de security tokens. Um dos exemplos citados foi a tokenização de ativos imobiliários, como a feita pela Dynasty. Cesar também falou sobre as stablecoins e a importância que elas têm no acesso ao mercado de crypto. O BRZ e o Tether foram as moedas citadas pelo executivo.