Alto custo de energia desloca mineração na Noruega

Embora grande parte da energia elétrica na Noruega venha de hidrelétricas, a crise energética que vem afetando a Europa, além da seca na região, está levando mineradores para o Ártico

Por Redação  /  11 de agosto de 2022
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A Noruega, assim como a Suécia e a Islândia, atraiu mineradores de criptomoedas pela oferta de energia barata, limpa e renovável, que é oriunda, principalmente, de hidrelétricas (88%), além de eólicas (10%). Um relatório recente da Arcane Research mostra, inclusive, que essa questão de preços, aliada à redução da pegada de carbono, já atraiu para o país algumas empresas do setor. 

No entanto, com a crise energética na Europa, decorrente do conflito na Ucrânia, aliada a uma questão mais pontual, que foi o esgotamento de alguns reservatórios vitais para a geração local, este cenário mudou. Os reservatórios hidrelétricos na área mais impactada da Noruega estão em 49,3%. No período entre 2000 e 2019, a média era de 74,9%. 

Assim, a energia se tornou mais cara no país e os mineradores estão migrando para outras regiões, como o Norte do Círculo Polar Ártico. 

Segundo matéria do Valor, o CEO da Kryptovault AS, Kjetil Hove Pettersen, afirmou que sem a realocação da empresa, que está se mudando para Stokmarknes, no Norte, a conta, que no ano passado atingiu 202 milhões de coroas (US$ 21 milhões) e normalmente representa mais de 80% das despesas operacionais da empresa, se tornaria inviável para a atividade. 

De acordo com ele, o custo de energia no Sul da Noruega é cerca de 160 vezes maior do que no Norte. A empresa é proprietária de máquinas de mineração e infraestrutura relacionada e paga pela eletricidade, aluguel e outras despesas, e por isso a elevação de custos inviabiliza a atividade. 

Há poucos meses, Pettersen havia declarado que, além da energia barata, a mineração estava contribuindo para gerar energia térmica para o país. “99% da nossa energia elétrica se transforma em energia térmica, o que é ideal para usos secundários”, disse ele. Agora, toda a atividade deve migrar para uma região ainda mais fria, onde o calor pode ser mais relevante.