Acordo comercial afasta, por ora, risco de recessão

Na avaliação de grandes bancos de investimento, a trégua na guerra comercial entre EUA e China alivia a pressão sobre a economia mundial, veja como isso impacta o mercado de ativos digitais

Por Redação  /  4 de fevereiro de 2020
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O temor de uma recessão mundial foi, por ora, afastado com o acordo comercial entre os EUA e a China na avaliação de bancos de investimentos, o que é especialmente importante para o mercado de bitcoin e ativos digitais, que podem se beneficiar uma eventual crise. Nesse sentido, a assinatura da primeira fase do acordo foi um importante indicador de que as tensões comerciais entre os países vão arrefecer e podem ajudar na economia.

O assunto é especialmente interessante para o mercado de ativos digitais, uma vez que o bitcoin tem sido visto como uma reserva de valor semelhante ao ouro. Vale lembrar que a procura pelo metal precioso aumenta em tempos que antecedem crises ou durante elas. Ano passado, havia uma visão de que o bitcoin iria a US$ 20 mil se os EUA e a China não chegassem a um acordo comercial e a guerra escalasse.

Mas o que dizem os bancos? Segundo a área de Asset Management do Santander, o anúncio do acordo comercial solidificou a percepção de que ambos os países se encontram mais comprometidos com o fim da escalada das tensões comerciais que começaram em 2018 e que tiveram peso relevante para a desaceleração global nos últimos anos.

As economias americana e chinesa apresentaram indicadores econômicos mais positivos recentemente. Na China, a produção industrial apresentou melhora em novembro de 2019, surpreendendo o mercado financeiro. Nos Estados Unidos, por sua vez, o desemprego vem oscilando nas mínimas históricas.

crescimento global
Crescimento global lento na visão do Credit Suisse

Já o Credit Suisse projeta um crescimento global lento, na casa dos 2,5% em 2020, no mesmo nível de 2019. No entanto, o banco considera que um cenário de recessão continua sendo improvável graças às políticas macroeconômicas favoráveis e ao arrefecimento da guerra comercial entre EUA e China.

Ao longo de 2019, o banco relata que a imposição de tarifas dos EUA à China e a retaliação chinesa contribuíram para uma queda de 2% nos volumes globais de exportação, após a alta recorde de 2018. Portanto, o maior declínio das últimas décadas, desconsiderando-se os períodos de recessão.

O banco avalia que uma resolução parcial da guerra comercial melhoraria a lucratividade e o humor dos mercados nos EUA e na China, o que reativaria os gastos de capital nesses países. E que o alívio tarifário trará uma eventual recuperação na atividade industrial.

Acordo comercial não interrompe efeitos

Ao mesmo tempo que o acordo comercial entre EUA e China alivia a pressão sobre a economia mundial, o principal risco associado à economia em 2020 está ligado à guerra comercial. Mais especificamente ao prejuízo causado com ela, que terá impactos ainda neste ano.

E isso também está ligado ao fato que os Estados Unidos vão manter tarifas de 25% sobre uma vasta gama de US$ 250 bilhões em bens e componentes industriais chineses usados pela manufatura norte-americana. As tarifas sobre produtos da China vão permanecer até a segunda fase de um acordo comercial, ainda sem previsão de ocorrer.

Embora os dois grandes bancos prevejam um alívio a partir do acordo comercial, uma recessão mundial ainda não é algo fora da realidade nos próximos anos. Os afrouxamentos monetários nacionais podem estar alterando o racional de valuation das empresas e um eventual estouro de bolha pode provocar uma crise nos mercados.